sexta-feira, 20 de março de 2009

PROCELÁRIA


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É vista quando há vento e grande vaga
Ela faz o ninho no rolar da fúria
E voa firme e certa como bala
As suas asas, empresta
à tempestade
Quando os leões do mar rugem nas grutas
Sobre os abismos passa e vai em frente
Ela não busca a rocha, o cabo, o cais
Mas faz da insegurança a sua força
E do risco de morrer, seu alimento

Por isso me parece imagem justa
Para quem vive e canta no mau tempo.

Sophia de Mello Breyner Andresen

AVIS CARA


Desenho: G. Cabaça - ImagDOP*
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Estás aqui comigo, amor,
tuas ondas
que a meus sonâmbulos peixes
ainda escamam;

teu pescoço em colar de sargaços,
tuas anêmonas-sereias
que os dias e as noites
ainda me cantam.

Aqui, ainda, o marulhar infindo,
o saciar tamanho,

teus faróis e teus dorsais abismos
em redes obscuras que me entranham.

Tuas asas errantes, ave cara,
ainda fazem de meus rochedos
a sua mais noturna morada.

Estás absolutamente aqui, amor,
( ‘Eternamente’ – sussurras-me )
mas até quando?

Fernando Campanella

*"... A gaivota, mais conhecida nos Açores como garça, é a única ave marinha residente do arquipélago. Nidifica em todas as ilhas e apresenta uma população de cerca de 6.400 indivíduos. É uma ave pouco estudada que ocupa uma grande diversidade de habitats, incluindo ilhéus, lagoas e costas rochosas. Alimenta-se de forma oportunista, ingerindo uma grande variedade de presas (rejeições e restos da pesca, pequenos mamíferos, aves e lixo)..."

( Trecho extraído de "Ave Marinha dos Açores", por Ana Meirinho e desenho de G. Cabaça, ImagDOP, do site: www.horta.uac.pt/.../2002/Artigo.htm)