Foto por Fernando Campanellao mar me ultrapassamas ondas haverão de contaraos ouvidos que lá pousaremque um dia sonhei no maro céu não vai se importarquando eu de meu hábito partirmas estrelas enquanto restaremhão de lembrarque um dia me puseram feliza terra , é fato, há de me subtrairmas a árvore que me deitou raize os frutos que em meu tempo colhiestes eu levo comigoninguém há de tirá-los de mimFernando Campanella
Foto por Fernando CampanellaJá não tento reter do diaa luz que por exata concedea chama alquímica dos amantesa doçura de pétalas breves.O tempo tem o galope das fúriasventos que jamais enternecem.
Melhor correr da memória o labirintodrenar os aquíferos fundose aguardar: tudo vai escapandoo que restar será na noitea forma intáctil, o espectro redivivo. (Mais no mundo me tardomais no comando de sombras me esmero)Deus conceda que me basteeste último apelo de náufrago: a metáfora, pétala incorpórea com que me visto. Fernando Campanella, 2006