terça-feira, 10 de março de 2009

O DALAI-LAMA DO TIBET


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A notícia sobre Tibetanos manifestando-se, na Índia e no Nepal, contra a ocupação de seu território pela China, aos cinqüenta anos de uma fracassada sublevação que levou o Dalai Lama e autoridades do Tibet ao exílio na Índia, motiva-me a releitura de um livro dentre os definitivos em minha vida, ‘Liberdade no Exílio – Uma autobiografia do Dalai Lama do Tibet’, Editora Siciliano, 1992.

O relato completo, dramático, pelo líder político e espiritual, desta saga, sua fuga para a Índia, em 1959, assim como da deterioração da cultura e das condições de vida do povo tibetano pós- invasão, é apresentado no livro de uma maneira objetiva, com honestidade histórica, ao lado de uma grande demonstração de amor por sua tradição e sua gente, e de uma defesa da livre determinação dos povos.

Por ser uma autobiografia, fatos de seu nascimento, sua infância, passando pelo processo de escolha e de sua unção como décimo quarto Dalai Lama, sua adolescência e treinamento na palácio Potala em Lhassa, e sua fase adulta como governante, são o fio condutor destas memórias que nos desvendam mistérios e belezas das tradições e rituais budistas.

E é no pensamento, na visão budista do mestre que se encontra o maior encanto deste seu relato. O Dalai Lama, em uma bela, poética, narrativa, nos revela toda sua simplicidade, sua compaixão a todos os seres vivos, por um lado. Em outra vertente, mostra-se aberto a um diálogo entre o Budismo e a Ciência e a outras religiões. Firmado na tolerância, acredita que diferentes culturas, crenças, etc., possam encontrar um denominador comum e cooperarem para o progresso espiritual da humanidade.

O Budismo, com seu conhecimento sobre os vários níveis de consciência, suas técnicas de meditação para um maior autocontrole e uma percepção mais afinada com a realidade espiritual, tem muito a ensinar para um ocidente extremamente polarizado na competição e no conforto material. O princípio do respeito como condição para nossa evolução e aperfeiçoamento, a compaixão a tudo que vive, de plantas, insetos, a seres humanos, vivos e mortos, faz também desta doutrina milenar uma precursora das idéias ecológicas que os ocidentais vêm tomando consciência a partir do século passado. Tudo isso emana das palavras e atitudes de Sua Santidade o décimo quarto Dalai-Lama do Tibet, neste livro.

Por sua luta pacífica incansável pela libertação de seu povo e pelo entendimento entre os homens, inspirada em Mahatma Gandhi, o Dalai- Lama recebeu, merecidamente, o prêmio Nobel da Paz em 1989. Seu discurso de aceitação termina com a reafirmação de seu propósito desde que exilou-se do Tibet:

“... O prêmio reafirma nossas convicções de que, com a verdade, a coragem e a determinação como nossas armas, o Tibet será libertado”.

De uma amiga, que o viu pessoalmente no Brasil, ouvi o seguinte: “ O Dalai-Lama é para mim o maior líder espiritual da terra. Ao vê-lo passando, senti um ventinho de Deus”.


Fernando Campanella, 10.03.2009

http://indiagestao.blogspot.com/2009/01/mantra-om.html


PALAVRAS DO DALAI-LAMA


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Palavras do Dalai- Lama em sua autobiografia:

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SOBRE MADRE TERESA DE CALCUTÁ:

“...Madre Teresa de Calcutá ... é outra pessoa por quem tenho o mais profundo respeito. Fiquei logo impressionado pela sua atitude de absoluta humildade. Do ponto de vista do budismo, ela poderia ser considerada um bodthisattva...”

SOBRE MEDICINA TIBETANA

“O tratamento ( de uma doença) consiste, primeiro, eem comportamento e dieta. Só em segundo lugar vêm os remédios. Em terceiro lugar, a acupuntura e a moxibustão (um tratamento específico pelo calor) E em quarto a cirurgia. Os remédios são feitos de material orgânico, às vezes combinado com óxidos metálicos e certos minerais (inclusive, por exemplo, diamantes pulverizados)...”


SOBRE DENG XIAOPING , GOVERNANTE COMUNIST CHINÊS;

“...Acresce que, em matéria de política, ele se mostrava mais preocupado com economia e educação que com ideologias e slogans vazios...”

DE SUA VISITA À URSS:

“... a espiritualidade está tão profundamente enraizada na mente do homem que é difícil de erradicar – senão impossível...”

SOBRE A RELIGIÃO , EM SUA VISITA À URSS

“... Foi nesse museu que vi um quadro que mostrava um monge com uma grande boca aberta na qual entravam nômades acompanhados de seu gado. Aquilo tinha uma óbvia intenção de propaganda anti-religiosa... Havia alguma verdade no que a pintura dizia... Toda religião tem a capacidade de fazer mal, de explorar as pessoas, como dizia aquela imagem. Não era culpa da religião em si, mas daqueles que a praticam.

SOBRE A CONSCIÊNCIA:

“... Segundo o pensamento budista, são muitos os níveis de consciência. Os mais grosseiros são os da percepção ordinária – tato, visão, olfato, etc – e os mais sutis, os que se apreendem no momento da morte. Um dos objetivos do Tantra é permitir ao praticante ‘experimentar’ a morte porque é então que as mais potentes realizações espirituais acontecem...”

SEU PLANO DE PAZ ( PARA O TIBET) DE CINCO PONTOS:

1. A transformação de todo o Tibet numa zona de paz.

2. O abandono da política chinesa de transferência de população, por ameaçar a própria
existência dos tibetanos como um povo.

3. Respeito aos direitos humanos fundamentais e às liberdades democráticas do povo ti-
betano.

4. Restauração do meio ambiente tibetano e sua proteção, com o abandono pela China
do uso do Tibet para a produção de armas nucleares e lançamentos de refugos nucle-
ares.

5. Início de negociações sérias sobre o status futuro do Tibet e das relações entre os po-
vos tibetanos e chinês.