![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6liIHyg05QZp-Vjt8jfMDOxWAz1MGrrXZMd8Q-DkORYBqHqlkf_07UrBk6QNFvfxXcjKMO_RGWCkR5Mv1Zg46Ya3a_yHby-7cLRdnJ3WNNqVr0KvuEVuCHEhx2IH45UqfKtlBiJxihxQ/s320/Bom+repouso+%25C3%25A1rvore+crep%25C3%25BAsculo+V+%25281+de+1%2529.jpg)
Foto por Fernando Campanella
Já não tento reter do dia
a luz que por exata concede
a chama alquímica dos amantes
a doçura de pétalas breves.
O tempo tem o galope das fúrias
ventos que jamais enternecem.
Melhor correr da memória o labirinto
drenar os aquíferos fundos
e aguardar: tudo vai escapando
o que restar será na noite
a forma intáctil, o espectro redivivo.
(Mais no mundo me tardo
mais no comando de sombras me esmero)
Deus conceda que me baste
este último apelo de náufrago: a metáfora,
pétala incorpórea com que me visto.
Fernando Campanella, 2006