A flor no jardim
"... e no entanto nem Salomão em toda sua glória
jamais se vestiu como um deles." (Novo testamento)
Tetradenia riparia ( Incenso, Pluma-de-neve,
Mirra, Misty Plume Bush), vista em um jardim de
Silvianópolis, sul de MG)
Foto by Fernando Campanella
A visão da flor acima foi uma 'anomalia'. Experimentei uma irregularidade no movimento orbital de meus olhos, 'de minhas retinas cansadas', ao perceber pela primeira vez, e registrar em fotos, essa inacreditável delicadeza.
Ela se encontrava em um jardim de uma pequena cidade vizinha por onde passei. A proprietária da casa abriu-me, gentilmente, as portas para que eu tirasse as fotos, e ofertou-me algumas mudas, as quais , por não haver mais espaço em meus exíguos canteiros, repassei à minha cunhada para replantar em sua chácara.
A senhora proprietária disse-me tratar-se o arbusto de uma Azinheira, 'a mesma árvore sobre a qual Nossa Senhora apareceu aos pastores em Fátima, Portugal'. Mas acredito ter havido um engano. As Azinheiras são árvores com flores amareladas, de grande porte, atingindo até dez metros de altura, nativas da região mediterrânea da Europa, cuja madeira resistente à putrefação é utilizada na construção e na fabricação de ferramenta, embarcações e barris.
Quanto ao fato de a Virgem ter aparecido aos campesinos sobre uma copa de uma pequena Azinheira, minha simpática anfitriã passou a informação correta. Por um outro lado, justificável o seu engano: nada mais propício para uma santa aparição que aquelas inflorescências de seu jardim.
Por uma grande amiga, amante e conhecedora das artes e das flores, fui informado tratar-se o arbusto visitado de uma Tetradenia riparia, ou Incenso, Pluma-de-neve, Mirra ( não a Mirra comum, dos reis magos, que é uma ávore espinhosa que pode atingir até cinco metros de altura), etc.
Esta Mirra, ou Pluma-de-neve, traz outras ressurgências. 'É um arbusto originário da África do Sul, com alcance médio de 1,20 - 1,60 m de altura, com folhas largo-ovaladas, denteadas e espessas. Possui numerosas inflorescências. Suas flores apresentam cores que variam do branco ao róseo-creme e são muito' perfumadas' (aroma de incenso). 'Adapta-se bem a climas subtropicais, com período de florescimento nos meses de inverno' ( vi suas flores agora em julho, em plena estação fria no sudeste do Brasil).
Dizem que os povos da tribo Zulu da África do Sul têm muitos usos terapêuticos para essa planta. Deles vieram os nomes 'iboza' e 'ibozane'. Outro nome que se dá a ela é umuravumba, o qual me parece ser também de origem africana.
De minha aldeia, de meu registro da bela mirra, passando por minhas amigas com seu amor à flora, e suas informações em diferentes níveis, emocional e científico, chegando à evocação de Nossa Senhora de Fátima na Azinheira, dos magos com suas dádivas, e dos Zulus no sul do continente africano - eis a bordadura da arte, através da órbita irregular de meus olhos e do beneplácito da tecnologia e da mídia eletrônica.
Eis o pretérito tornando-se presente, entreabrindo o futuro, através do encantamento, no vislumbre da eternidade de uma flor.
Eis o pretérito tornando-se presente, entreabrindo o futuro, através do encantamento, no vislumbre da eternidade de uma flor.
Fernando Campanella
Meus agradecimentos a Dona Lea e a sua simpática família, a Maria Madalena, minha querida amiga de Porto Alegre que me passou informações sobre a Tetradenia riparia através de sua
fonte:
Lorenzi , H. & Souza, H. M. 1999 , Plantas Ornamentais do Brasil - arbustivas, herbáceas e trepadeiras. Nova Odessa, SP. Instituto Plantarum, 2. ed. rev. e ampl. pag. 617
Outras fontes:
b) Wikipédia