sábado, 18 de julho de 2009

EXÓTICA


Foto by Fernando Campanella

Cerejeiras, cerejeiras -
como vêm, como vão?
São caprichos, são intrusas?
Não importa, se minha alma
é exótica, é Japão.

Fernando Campanella

ANÔNIMOS


Autorretrato* anônimo (Pichação em muro da cidade)
Foto by meu amigo D'Ângelo (Dedé)


de volta ao futuro:
ecos rupestres
na caverna do muro

Fernando Campanella


Meu grande amigo, poeta e fotógrafo, D'Ângelo enviou-me a foto, acima, que tirou de um desenho pichado em um muro de nossa cidade. Uma excelente imagem que meu amigo conseguiu e que suscita reflexões sobre o ato anônimo, e vândalo, nos termos do artigo 65 da lei dos crimes ambientais.

Segundo o site informativo http://www.wikipédia/, a pichacão existe desde a Antiguidade. Nos muros de Pompéia pichavam-se poesias, insultos e críticas de caráter político. Na época medieval, padres pichavam muros de conventos rivais.

Na época moderna, são emblemáticas como manifestações de liberdade, as pichações do lado ocidental do ex-muro de Berlim, constratando com a pintura intacta do lado oriental, controlado pelo regime socialista soviético.

No Brasil, as pichações vêm se tornando um ato cada vez mais constante, praticado por jovens, geralmente da classe média, motivados por uma necessidade de lazer, aventura ou adrenalina, ou até mesmo disputa, mais que com o objetivo de protesto político ou social.

Costuma-se estabelecer uma distinção entre grafite e pichação, embora as duas formas de expressão utilizem-se dos mesmos materiais de execução. O grafite, dentro dessa conceituação, seria artisticamete mais elaborado, permitido, aceito como manifestação de arte contemporânea.

(O histórico sobre a pichação acima foi compilado de um excelente texto informativo sobre o assunto do site: http://www.wikipédia.com/ )


O desenho da foto acima poderia ser classificado como pichação ou grafite? Como um ato vândalo, realizado sem a permissão do proprietário do muro, trata-se, é óbvio, de uma pichação. Porém, há nele um quê de arte contemporânea, um Picasso ou um Miró, anônimos, uma voz que transgride, sim, mas que se faz ouvir na cor, nas formas, nas linhas que se dispõem com uma expressividade tal a permitir infinitas leituras... Da solidão das cavernas ao cérebro moderno, como um parafuso, um utensílio, um abridor de garrafas...

Fernando Campanella

*Abaixo da foto, escrevi autorretrato, e senti grande estranheza: seria essa a grafia correta após a reforma? De acordo com o site www.nuvemseo.net/nova na seção Ortografia a ortografia está corretíssima pois:

Hífen -
O sinal não poderá ser mais usado quando a primeira palavra terminar com vogal e a segunda começar com consoante. Ex. Antes: anti-rugas, auto-retrato, ultra-som. Depois (da Reforma): antirrugas, autorretrato, ultrassom.

O sinal (hífen) deverá ser usado quando a palavra seguinte começa com b, h, r, m , n ou com vogal igual à última do prefixo. Ex. sub-base, inter-regional, super-homem, etc.