sábado, 28 de fevereiro de 2009

BIBLIOTECAS DA ALEXANDRIA

MODERNA


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ANTIGA

A antiga biblioteca de Alexandria, recriação.
Do blogger:http://www.blogger.com/post-create.g?
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A BIBLIOTECA NO TEMPO


Foto: São João Damasceno do blogger

Percorro as alas da biblioteca municipal e me vem à memória uma outra biblioteca, longínqua, a da minha iniciação literária. Revive , como por encanto, o adolescente que passava horas descobrindo um mundo de outros ventos.

Surgem nomes como Hoffman, Pirandello, Katherine Mansfield, e mais, muito mais, todos reunidos no “Maravilhas do conto universal”. E os primorosos fascículos, submetidos a posterior encadernação, do “Gênios da Pintura”: Bruegel, Van Gog, Fra Angélico... E, em vinil , a coleção dos compositores clássicos. Imagens de um sonho distante e ainda tão atual, a busca pelo espírito na sensibilidade e na arte.

Que fascínio a biblioteca causava e ainda hoje me causa. Que alimento torna-se a leitura para os mais sensíveis, os introvertidos. “Você que está triste e longe dos seus, leia, sempre que puder, um belo provérbio, uma poesia” dizia Hermann Hesse.

A literatura e a arte, em geral, sempre foram uma salvaguarda, um tipo de contraforte para a sustentação de meu edifício psicológico. Vozes que sempre trouxeram companhia para minha introspecção. Os livros foram, em minha infância e adolescência, uma espécie de forno onde eu me aquecia, útero a formar, lentamente, o irregular embrião de meu espírito.

As bibliotecas estão sendo digitalizadas e num futuro não muito distante livros serão apenas peças empoeiradas, esquecidas aos museus. Elas estarão em todo lugar , e em lugar algum. Teremos toda sabedoria dos tempos, toda arte, ao alcance de nossos dedos,

Melhor, pior? Diferente, talvez. O universo on line veio para ficar, para facilitar nossas vidas. Porém, nada vai apagar a importância do ofício dos copistas que preservaram toda luminosidade cultural do passado, ‘imprimindo’ livros com as próprias mãos. Nada vai desfazer a curiosidade que sentimos por uma biblioteca como a de Alexandria, pelos papiros, e pela própria invenção da imprensa.

Das brumas de meu tempo, saltam páginas e mais páginas, tomos antigos ‘na roupagem que seus séculos usavam’, como disse a poeta Emily Dickinson. A biblioteca de minha adolescência foi meu tesouro da juventude, meu mundo das mil e uma noites. Aqueles silêncios na descoberta de universos afins selaram meus anos de formação intelectual

Naquele contato com os livros eu criava tempos mais sutis, protegia minha alma de mim mesmo, do meu mundo adverso, de minha barbárie.

“ Um prazer, um prazer em mofo
É encontrar um livro antigo
em vestes que seu século usava...”
( Em uma biblioteca – Emily Dickinson , em livre tradução)

Texto por Fernando Campanella





CACASO



Foto do site 'etcetera revis
ta eletrônica de arte e cultura'

"...Mineiro de Uberaba, o poeta Antonio Carlos Ferreira de Brito (1944-1987), conhecido como Cacaso, viveu desde os onze anos no Rio de Janeiro. Cacaso estudou filosofia e lecionou teoria literária na PUC-RJ. Foi também ensaísta e letrista de música popular. Nesse último gênero foi parceiro de compositores como Edu Lobo, Francis Hime, Sueli Costa e Maurício Tapajós..."

"Jogos Florais" esboça uma crítica ao chamado milagre econômico dos anos 70 e retorna à "Canção do Exílio". O espírito da paródia e da gozação estão em toda a obra de Cacaso. O poema que originou o título da coletânea Mar de Mineiro — um título que, por si só, anuncia um conteúdo jocoso — chama-se "Fazendeiro do Mar", uma óbvia brincadeira com o Fazendeiro do Ar, de Carlos Drummond de Andrade..."

Carlos Machado , trechos de uma apresentação de Cacaso, e alguns de seus poemas, no site, Ave, Palavra, Poesia. net.
http://www.algumapoesia.com.br/poesia2/poesianet199.htm



JOGOS FLORAIS I

Minha terra tem palmeiras

onde canta o tico-tico.

Enquanto isso o sabiá

vive comendo o meu fubá.

Ficou moderno o Brasil

ficou moderno o milagre:

a água já não vira vinho,

vira direto vinagre.

(Cacaso)


LAR DOCE LAR

Minha pátria é minha infância:

Por isso vivo no exílio.


Cacaso, de Na Corda Bamba (1978)


Cláudio Nucci, cantor e compositor, do gupo Boca Livre, também com carreira solo, interpreta trecho do "Mar de Mineiro', música com letra adaptada do poema de Cacaso.

http://mp3.mondomix.com/player.php?oid=18141&otype=1&olng=en