terça-feira, 24 de janeiro de 2012

REVISITADO


Foto por Fernando Campanella

Bem-vindo à minha casa
mas se quiseres ir ao sótão
traz as velas, algo ali vive
que não permite a crua luz
escancarada.

Eu o revisito tantas vezes
e não me incomodam seus trastes,
alguns ratos - eles me convivem,
sou o velho hóspede da casa.

Subo e desço no cotidiano ato,
gosto de ir às vezes regar,
antes que esquecidas mal cheirem,
as flores do meu cercado
(com a palma de meus olhos
acaricio as ternas fugacidades).

Desço e subo, vou por esses cômodos
sonambulando.

Acomoda-te em minha casa
mas se quiseres entrar em meu sótão
acende as velas.

Ali já estou aclimatado,
sou amigo do gato, eu furto a luz
pelas mínimas frestas do telhado.
Ali todas artimanhas já incorporei,
eu sei dos hábitos -
eu sou o velho fantasma da casa.

Fernando Campanella