quinta-feira, 13 de junho de 2013
TREZE DE JUNHO
Hoje de manhã, na fila da padaria, algumas mulheres comentavam sobre simpatias feitas a Santo Antônio para arranjarem marido ou namorado.
- Já enterrei a imagem do santo de cabeça pra baixo, num poço, e nada ainda – dizia uma.
- Eu até roubei a imagem do menino Jesus que estava nos braços dele, só vou devolver quando aparecer um marido – dizia outra.
Uma terceira senhora entrou na conversa, rindo aos montes, dizendo que não queria saber da casamento mais não, melhor ficar sozinha. O primeiro marido fazia todas suas vontades, só faltava estender o tapete por onde ela passava, mas falecera poucos anos após se casarem. O segundo, e último, estendia o tapete, sim, mas para pisar nela, espicaçá-la, atormentá-la. Não aguentou o tranco e o despachou o mais rápido possível.
Um homem de meia-idade juntou-se à conversa, dizendo que a pessoa certa para a gente pode estar ao nosso lado e não percebemos, não precisamos procurar tanto. Mas acrescentou, jocosamente: eu queria mesmo era casar com a Gisele Bündchen.
Foi uma gargalhada geral, até o atendente da padaria fez um comentário, dizendo que não dispensava tal modelo como namorada.
Era tudo descontração, para esquecer o tempo na longa fila, eu sabia, mas não deixei de pensar que temos que ter cuidado com nossos sonhos e desejos, desenvolver a arte de saber o que realmente nos importa e nos faz felizes.
De qualquer forma, o velho, bom Antônio, do meu aniversário, da minha infância, do Itaim, das festas do bairro das Cruzes, ainda está em pauta nos corações, nas conversas, fazendo jus à reputação de santo casamenteiro.
Após apanhar meu pão, saio de lá com a certeza de que tenho mais fé na fé, em si, poderosa, formada pela corrente de almas que há séculos vêm mentalizando preces para o alívio da dor, em busca da felicidade tantas vezes abortada nas durezas da vida.
Por outro lado, confesso que trago a medalhinha do meu santo numa corrente no pescoço. Em momentos difíceis, esqueço as racionalizações, peço a ele que me ampare, e consigo, ou, mais importante, acredito que consigo, o que peço.
Mas hoje, no meu aniversário, quero apenas agradecer pelas tantas coisas boas que a vida tem me outorgado - amor, amizade, arte, alegrias... E se eu pedir algo, será, certamente, para que seja dada saúde à minha família, eu incluído, e aos meus amigos. E que minhas bênçãos sejam preservadas.
Fernando Campanella
(Foto tirada hoje, na estrada que liga Borda da Mata a Ouro Fino, sul de MG)
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