Tela de minha amiga Horleni
Foto by Fernando Campanella
Quero-te inteira, impossível, e nua
No ruído
Na sonância das harpas
No silêncio
Dos passos da noite na rua
Quero teu corpo, teu retrato
Teu astro
- gênese e posfácio -
Quero o templo absoluto de teu quarto
- E Tua memória,
Dor de minha ausência,
Pedra angular de minha estória -
Quero-te como ninguém assim quis
Como um moinho de ventos
Como sombra feliz
Com o sortilégio dos deuses
Com furor
Com a subserviência dos santos
Com pudor
Na fartura, na insolvência
Com a senha da morte
Com o desencanto
Com a estrela do norte
Quero-te carne em arte
(E o amor que aguarde -
O amor é coisa outra:
É trégua ou sorte)
Fernando Campanella