Foto by Fernando Campanella
Recebi em e-mail enviado por um amigo um texto atribuído ao NETO (MENTOR MUNIZ NETO), diretor de criação e sócio da Bullet, uma das maiores agências de propaganda do Brasil. Trata-se de uma reflexão oportuna sobre a tão propalada crise mundial.
É bom termos em mente que quando se fala em crise econômica não é como se falássemos de fenômenos naturais como o terremoto de L’Aquila, na Itália, recentemente, nem das enchentes em Santa Catarina no verão passado, pois esses são democráticos, não tecem distinções entre pobres e ricos
Nem comparemos, pelo mesmo raciocínio, tal crise mundial às gripes Espanhola e Asiática que assolaram o mundo em um passado mais distante, ou à própria AIDS que a partir da década de oitenta do século XX desafiou a medicina, e carregou de tons sombrios a perspectiva de sobrevivência de nossa espécie.
Quando se fala em crise econômica mundial entenda-se crise de trabalhadores mundiais, perda de empregos, acirramento da pobreza e rebaixamento dessa condição à miséria.É quando se fazem arranjos, tomando-se decisões emergenciais para lá de frias e drásticas para que o capital permaneça nas mesmas mãos que o detinham.
Crise econômica mundial verdadeira acontecerá quando o tal 'capitalismo turbinado' morder o próprio rabo, tendo esgotado, por exemplo, os recursos hídricos do planeta. Quando houver guerra por água potável. Aí, será um Deus nos acuda, um salve-se quem puder: ricos contra ricos, irmão contra irmão, bancos contra bancos...
Então poderemos falar em crise global democrática, sem distinções, nivelada de cima a baixo. Imaginem um situação de racionamento extremo em que teremos de optar: ou bebemos a água, ou tomamos banho, ou lavamos nossos pratos.
Eis o texto enviado:
"Vou fazer um slideshow para você.
Está preparado? É comum, você já viu essas imagens antes.
Quem sabe até já se acostumou com elas.
Começa com aquelas crianças famintas da África.
Aquelas com os ossos visíveis por baixo da pele.
Aquelas com moscas nos olhos.
Os slides se sucedem.
Êxodos de populações inteiras.
Gente faminta.
Gente pobre.
Gente sem futuro.
Durante décadas, vimos essas imagens.
No Discovery Channel, na National Geographic, nos concursos de foto.
Algumas viraram até objetos de arte, em livros de fotógrafos renomados.
São imagens de miséria que comovem.
São imagens que criam plataformas de governo.
Criam ONGs.
Criam entidades.
Criam movimentos sociais.
A miséria pelo mundo, seja em Uganda ou no Ceará, na Índia ou em Bogotá sensibiliza.
Ano após ano, discutiu-se o que fazer.
Anos de pressão para sensibilizar uma infinidade de líderes que se sucederam nas nações mais poderosas do planeta.
Dizem que 40 bilhões de dólares seriam necessários para resolver o problema da fome no mundo.
Resolver, capicce?
Extinguir.
Não haveria mais nenhum menininho terrivelmente magro e sem futuro, em nenhum canto do planeta.
Não sei como calcularam este número. Mas digamos que esteja subestimado. Digamos que seja o dobro. Ou o triplo.
Com 120 bilhões o mundo seria um lugar mais justo.
Não houve passeata, discurso político ou filosófico ou foto que sensibilizasse.
Não houve documentário, ONG, lobby ou pressão que resolvesse.
Mas em uma semana, os mesmos líderes, as mesmas potências, tiraram da cartola 2.2 trilhões de dólares
(700 bi nos EUA, 1.5 tri na Europa) para salvar da fome quem já estava de barriga cheia. Bancos e investidores.
Como uma pessoa comentou, é uma pena que esse texto só esteja em blogs e não na mídia de massa, essa mesma que sabe muito bem dar tapa e afagar... Se quiser, repasse, se não, o que importa? "O nosso almoço tá garantido mesmo...".
(Texto atribuído a Mentor Muniz Neto)