quarta-feira, 13 de maio de 2009

VERSOS PARA CECÍLIA


(A Cecília Meireles)

Mesmo se tomasse por empréstimo
tua metáfora quando em mim pousam
leves teus versos, não a poderia tornar minha
que tão íntimo e próprio é meu silêncio
e meu ser vai disperso por outros ventos.
Posso sentir tua beleza recolhida e doce
no que evidente se mostra e no que se intui
na arquitetura sonora de teus versos.

O resto repousa na chave supra-humana
dos enigmas. Por isso então escrevo,
mais nada.
Fernando Campanella, 24 de Agosto de 1986

AMAR

õ
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Vive em mim o primitivo verbo
que os revezes da sorte
jamais suprimiram
ou lograram apagar.
Murmuro seu nome
tão límpido e lato
quando a alma da noite,
despida do mundo,
dentro de mim cresce.
Bebo então de suas gotas
de seu orvalho refratado

e como um velho vinho me sinto
a espuma boa derramada do odre.

Fernando Campanella, 1990