Foto por Fernando Campanella |
Já não me iludes,
estrelinha mimada e arredia,
não me sabes, nem me sentes,
por que então na toca da noite
eu, romântico, te buscaria?
És o mesmo que qualquer coisa,
que tanto fez, como tanto faz,
qualquer dia que já tarde indo
nenhum trato outro dia me traz.
Tens das formigas a natureza alheia
e, malgrado tua luz, a inconsciência fria.
És, sim, algo qualquer, um pó errante,
um limão de que eu bebesse o sumo
só para fruir o teu azedo instante.
Nem mesmo vês que agora sou como tu,
um cego de ti, uma bela viola,
um falso diamante.
Fernando Campanella