domingo, 27 de março de 2011

CAMPOS DE ARROZ (FIELDS OF RICE)



...encontre-me lá
à fímbria da tarde
quando pássaros voarem

sobre arrozais em flor...


(...find me there, where the birds fly
upon the fields of rice...)

Fernando Campanella, inspirado em 'Fields of Gold', por Sting.

(Poem by Fernando Campanella, inspired in 'Fields of Gold', by Sting)


Campos de arroz, fotos por Fernando Campanella


quarta-feira, 23 de março de 2011

O EU CONFESSO (FRAGMENTOS)




esta chuva de cristais ralados
cai sobre samambaias selvagens
nas fendas do muro ao lado



banho-me de minha antiguidade




e de certas naturezas chega-me o sopro
de um longínquo, bucólico daimon...

Fernando Campanella, 2007

(FOTOS: BROTOS DE SAMAMBAIA POR FERNANDO CAMPANELLA)


quinta-feira, 17 de março de 2011

UMA SÚBITA LUZ CORTA O TEMPO



...sei que os bezerros às vezes param
e me observam
quando por sobre o muro de silêncio os contemplo -
é quando uma súbita luz corta o tempo -

depois nada mais acontece
a não ser o delicado ruminar de bezerros
absolvendo a tarde de metafísicas inúteis

Fernando Campanella, 1993



Fotos por Fernando Campanella


(Meu agradecimento a Leila Laderzi, minha grande amiga, pela criação do novo cabeçalho para o blog.)

quarta-feira, 9 de março de 2011

CARNAVAL (IMAGEM E PALAVRA)



Mais uma vez, o bloco da Gertrudes saiu nas ruas nesta terça-feira passada de carnaval.
Sem o luxo das escolas de samba oficiais da cidade, as pessoas que o integram vestem-se como podem,como querem, a maioria dos homens e meninos com indumentária feminina. O que contam são a simplicidade e a vibração nas mãos e nos pés.



O bloco em questão é uma versão atualizada, ou até mesmo um prolongamento, do antigo Bloco da Vaca, que tanto nos alegrava nos antigos carnavais da cidade. Naquele tempo, os criadores e integrantes do grupo saíam às ruas também na terça-feira, pedindo algum trocado para beberem, um dos quais transportando um arcabouço de uma vaca preta que realmente excitava as
crianças (diferente da versão mais colorida e estilizada na foto acima).



No Bloco da Gertrudes da atualidade até meninos e meninas se juntam à bateria com seus instrumentos, como tambores, pandeiros, cornetas, etc.



Sempre presentes na celebração, a saudável irreverência e a descontração (ou desconstrução). Aqui, um rapaz vestido de noiva borbulha em alegria.



O batuque e as cores dos tambores dão o tom e o brilho essencial à festa.




Mesmo que não se toque bem algum instrumento, não há que se preocupar,um ritmo básico já basta, e , no conjunto,todos se harmonizam nesse evento, parte de uma celebração que acaba se transformando no maior espetáculo coletivo do planeta.



Mas há bons ritmistas participando da folia também.

"E no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade..."
(Carlos Lyra, Marcha da quarta-feira de cinzas)

...Pra tudo se acabar na quarta-feira? Em termos. O show continua e no ano que vem, no mesmo horário, no mesmo local, sob sol ou chuva, o Bloco da Gertrudes concentra-se para botar a alegria nas ruas novamente.

(Meus agradecimentos aos integrantes do bloco que tão bem me receberam e permitiram que os fotografasse.)

(Fotos e texto por Fernando Campanella)




sábado, 5 de março de 2011

DIGO AO VENTO


Foto por Fernando Campanella


se abro minhas cartas
como nervuras ao tempo
não se engane que sou frágil
ou transpareço

- vão meus comboios ao relento
eu retardo
há em mim silêncios de esfinge
sou o cristal que me guardo

Fernando Campanella

quarta-feira, 2 de março de 2011

ETÉREO*


Foto por Fernando Campanella


como giz de nuvem antiga
ou como céu de anis bleu
tua imagem sempre me

feito efeito urtiga
soprar teu talco blue
tocar teu peito nu

Fernando Campanella

*Etérea é a constituição dos sonhos. Etéreas as nuvens, as artes, a poesia... Etéreo,o poema acima que me foi lido por uma grande amiga num sonho e que ao acordar numa manhã coloquei no papel. Dupla autoria? Talvez, por conta do etéreo.

"Se lá no assento etéreo, onde subsiste,
memória desta vida se consente,
não te esqueças daquele amor ardente
que já nos olhos meus tão puro viste."
(Luís de Camões, Rimas, p. 172)