quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

TEATRO DE SOMBRAS



Fotos por Fernando Campanella

Entremos em acordo,
sombra minha,
brindaremos, à noite,
às mariposas
e sobre as Três Marias
tomaremos um porre
de dracenas e jasmins;

serei, assim, teu servo,
a face que buscares:
o pária, o deserdado -
os medos que arquitetam a noite -
o fantasma que bem quiseres.

Mas, ouve-me, quando a lua
após sua mais discreta vênia
sonolenta se afasta,
e assim que os galos cantem
validando a madrugada,
já de ti desvio os olhos
e não mais te enxergo.


Recolherás tua cauda, então,
saciada e quieta, sombra minha,
e adormecerás nossa ressaca,
atrás, bem atrás, de mim.

(Fernando Campanella)