sábado, 15 de maio de 2010

SINE QUA NON (HINO AO SOL)


Pôr do sol nos contrafortes da Serra da Mantiqueira
Foto by Fernando Campanella

Ah, este instante na tarde
quando o sol bate seu ponto
e se despede
de um afugentar as sombras
de mais um dia de claro ofício.

Pago, pelos préstimos,

ao operário 'sine qua non'
com a moeda de meus sonhos
um certo dourar de meus sentidos.

Logo à noite vou desejar

que no outro dia retorne
que nunca me deixe sem seu brilho.

Posso então a alma estendida

ressonar: a luz, eu sei,
em seu percurso também me busca
e sempre haverá de me achar.


Fernando Campanella, maio de 2007.




Segundo Édouard Schuré, em sua obra 'Os grandes iniciados', o 'Salmo 104' do Antigo Testamento "é uma adaptação poética do 'Hino ao Sol' de Amenófis IV (Akhenaton), faraó do Egito à época de Moisés'.
Abaixo, trechos do Hino ao Sol, de Akhenaton, e do salmo 104, de Davi.

...Quando tu te vais em paz ao horizonte ocidental,
A terra fica na escuridão como morta
Os que dormem encontram-se em suas camas,
As cabeças cobertas com mantas,
Um olho não vê o outro.
Se roubassem seus bens que se acham debaixo de suas cabeças,
Eles nem perceberiam.
Todos os leões saem de suas cavernas;
Todas as serpentes, elas mordem...
Jaz a terra em silêncio.
Seu criador repousa no horizonte...

('Hino ao Sol', Akhenaton)

...Designou a lua para marcar as estações; o sol sabe a hora do seu ocaso.
Fazes as trevas, e vem a noite, na qual saem todos os animais da selva.
Os leões novos os animais bramam pela presa, e de Deus buscam o seu sustento...

(Salmo 104, Davi)