quinta-feira, 25 de junho de 2009
REVISITADO
Foto by Fernando Campanella
Bem-vindo à minha casa
mas se quiseres ir ao sótão
traz as velas , algo ali vive
que não permite a crua luz
escancarada.
Eu o revisito tantas vezes
e não me incomodam seus trastes,
alguns ratos - eles me convivem,
eu sou o velho hóspede da casa.
Subo e desço no cotidiano ato,
gosto de ir às vezes regar,
antes que esquecidas mal cheirem,
as flores de meu cercado
(com a palma de meus olhos
acaricio as ternas fugacidades).
Desço e subo, vou por estes cômodos
sonambulando.
Acomoda-te em minha casa
mas se quiseres entrar em meu sótão
acende as velas.
Ali já estou aclimatado,
sou amigo do gato, eu furto a luz
pelas mínimas frestas do telhado.
Ali todas artimanhas já incorporei,
eu sei dos hábitos, eu me convivo -
eu sou o velho fantasma da casa.
Fernando Campanella
REQUIESCAT
Trabalho de formatação por Leila Laderzi
De meu mar, permito-te as ondas
e as praias que poéticas conchas te trazem.
Tais suaves mistérios te concedo, mais as algas
e as gaivotas que bicam tecidos de luz na tarde.
Povoados de ti, de mim,
os barcos que chegam e ardem.
Adere-te, pois, ao sal que a mim te chama.
Cobre teus pés em espuma e encanto,
molha teu rosto
nas claras águas que o dia me abre.
(Em paz, fiquem minhas dorsais,
descanse meu leviatã esconso)
Fernando Campanella
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