quinta-feira, 25 de junho de 2009
REVISITADO
Foto by Fernando Campanella
Bem-vindo à minha casa
mas se quiseres ir ao sótão
traz as velas , algo ali vive
que não permite a crua luz
escancarada.
Eu o revisito tantas vezes
e não me incomodam seus trastes,
alguns ratos - eles me convivem,
eu sou o velho hóspede da casa.
Subo e desço no cotidiano ato,
gosto de ir às vezes regar,
antes que esquecidas mal cheirem,
as flores de meu cercado
(com a palma de meus olhos
acaricio as ternas fugacidades).
Desço e subo, vou por estes cômodos
sonambulando.
Acomoda-te em minha casa
mas se quiseres entrar em meu sótão
acende as velas.
Ali já estou aclimatado,
sou amigo do gato, eu furto a luz
pelas mínimas frestas do telhado.
Ali todas artimanhas já incorporei,
eu sei dos hábitos, eu me convivo -
eu sou o velho fantasma da casa.
Fernando Campanella
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Nunca apague a vela
ResponderExcluirque os fantasmas acenderam
contra a luz do sol.
Um abração, Fernando.
Somos capazes de viver com nossos próprios fantasmas, mas os outros precisarão de luz para entender...belo poema!
ResponderExcluirabraço
Belíssimo, mistério poético, fantasmas q habitam nosso interior, descritos d forma leve! Um dos meus favoritos! Abraço...
ResponderExcluirFernando, boa noite!
ResponderExcluir"Revisitado" é um de meus favoritos, pois lembra-nos esse nosso lado escuro - tão secreto - que raramente revelamos aos outros. Publiquei-o em meu Blog em março, e hoje, revendo-o, fiz as devidas correções numa e outra palavra.
Bjs.
Eu acenderei as velas. Posso visitar seu sótão?
ResponderExcluirGostei muito do poema e do "velho fantasma da casa".
Beijos.
Adoro este poema...
ResponderExcluirDentre tantos outros este é
inesquecível...
ma-ra-vi-lho-so!! Ave Fernando. Lindo,lindo. Que continue inspirado ,sempre pro nosso deleite.
ResponderExcluirestou te descobrindo agora e encantada.
Sim, José Carlos, nunca apaguemos as velas que os fantasmas acendem contra a luz do sol. Esse lume, essa outra luz é revela-nos outras facetas, outras nuances em nosso caminhar pela nossas sombra. Abraço.
ResponderExcluirOlá, Sonia, lembrei, com teu comentário, de um outro poemeto meu que diz assim:
ResponderExcluirEis o teu sol da meia-noite,
eis a luz transfigurada,
benditos os que vivem em bons termos
com o hóspode imaginário,
com a louca da casa.
Fernando Campanella
Abraço.
Obrigado pelo comentário , Antônio Carlos. Se o poema ficou leve, fico feliz pois essa foi uma de minhas intenções, acredito, ao escrevê-lo. Tornar nossa morada mais íntima hábitável e nossos fantasmas menos ameaçadores. Obrigado pela visita. Grande abraço.
ResponderExcluirObrigado, Flor, pela visita e pelo simpático comentário. Muitas vezes nos sentimos estranhos com peculiaridades, idiossincrasias. Temos pensamentos que não comunicamos a ninguém. A mente humana é complexa, uma caixa de surpresas, nem sempre agradáveis. -Mas é isso, ela nos diz - decifra-me ou te devoro.
ResponderExcluirGrande abraço.
Boa noite, Graça, você vai trazer a luz para meu sótão, será muito bem-vinda, mas peço compreensão, rs.... Bjos , obrigado pela amável visita.
ResponderExcluirBoa noite, Amália. Gosto muito desse poema também pois fala de coisas complexas de uma maneira simples, embora metafórica. Mas, como eu disse em outro texto meu 'viver, no sentido mais encantado da palavra, é mataforizar. Obrigado pela visita, minha querida amiga. Bjos.
ResponderExcluirBoa noite, Lisette, fico feliz com tuas palavras, pela presença em meu blogger. Apareça sempre, havendo sintonia criamos juntos. Abraço.
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