Foto por Fernando Campanella |
Percebo neste inverno, no meu jardim, que um broto de ixora (Ixora Coccinea) recebe a luz do sol diretamente sobre seu corpo pouco depois das 4 da tarde. São alguns minutos de uma transformação que corteja o milagre. A planta parece namorar aqueles raios tão fugazes, ainda que intensos.
E a simbiose se afirma, tudo fica mais bonito, embora a sombra logo se imponha, com o peso do frio das noites de julho.
Acredito que, passada a estação das águas, a raiz fincada na terra, este broto encontra na gratidão, na plena entrega à luz por tão rápidos minutos, a força e a alegria para medrar por aqui.
Esta é a expressão da beleza a que consigo chegar. Gostaria de ir mais adiante, entender as razões, os porquês desta alquimia arbórea, porém, como diz o poeta norte-americano, Robert Frost, "alguma coisa tem que ser deixada para Deus".
(Fernando Campanella)