Foto by Fernando Campanella
Eu sigo escrevendo , bebendo de poetas que adoto, deixando a alma me conduzir a este porto íntimo onde as estrelas pousam, os grilos cricram e a dama-da-noite me seduz com seu perfume, suas vestes de seda e luz. Ah, corujas também me visitam e tomam às vezes um chá comigo, depois partem, com promessas de volta.
Assim a minha alma, rastreadora do universo, da polissemia, ou da própria ausência de qualquer sentido. Viver, no mistério mais encantado da palavra, é metaforizar.
Fernando Campanella
I
Corujas
são pupilas
sencientes
da noite
que afronta
- eu sou pupila
do faz-
de-
conta.
II
Faz de conta que a coruja
me chama em augúrios
na noite.
Tolo caçador de mistério
me faço:
corujas e eu
não roemos a mesma corda
e mistérios, se existem,
em mim não cabem,
passam longe da minha porta.
III
(INFÂNCIA)
Mãe coruja fez seu ninho
lá no oco do bambu
- salta fora, passarinho,
passa longe urutu.