quarta-feira, 30 de novembro de 2011

AMÁLGAMA


Foto por Fernando Campanella


esta tarde
evoca outras tardes
de eus pregressos
dispersos em viagem

tarde inconsútil, abstrata...

(o homem abraça o poeta
e a memória se espelha em linguagem)

Fernando Campanella

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

ARCO DE CORES


Foto por Fernando Campanella


Dobrei o labirinto
e lá ele estava,
assente, como um farol.
Não indaguei como
nem quis saber porquês.
Melhor que as belezas
aconteçam assim
- um engaste do tempo -
zênite em mim.

Fernando Campanella


domingo, 20 de novembro de 2011

LA CAMPANELLA


Foto por Fernando Campanella

Aquela senhora tem um piano
Que é agradável mas não é o correr dos rios
Nem o murmúrio que as árvores fazem...

(Alberto Caeiro)


Aquela senhora toca um piano na tarde,
as teclas ágeis ondulando em mimos,
em vibrantes sinos delicados.
Imersos cada qual em sua história,
de repente uma sintonia nos toma,
uma arte - um rio profundo sem corte,
um outro azul que nos sonha.


Fernando Campanella

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

EFEMÉRIDES (NOVEMBRO)


Guapuruvu, foto por Fernando Campanella

Novembro lava a alma
e as flores do Guapuruvu
respingam na tarde.
Logo a lua dá o ar da graça
e entre os galhos da árvore
amorosamente se enrosca.

Fernando Campanella

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

DEO GRATIAS* (BEM-AVENTURANÇA)


Foto por Fernando Campanella


Graças, por todo pão e mistério
pela palavra soerguida
pela poesia
pela vida sobre a vida.

Fernando Campanella


(Graças também pela bem-aventurança nas epifanias, pela oração das imagens também soerguidas pela poesia.)*

Marcantonio Costa

*Meus agradecimentos aos poetas amigos do Facebook Adriano Winter, que meu inspirou o título "Deo Gratias" , e Marcantonio Costa, cujo comentário transcrevi acima.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

SINA


Foto por Fernando Campanella


Sempre ouvi dizer que poetas
têm um solitário destino.
(A solidão ora enlouquece
ora floresce)
Não sei: ser poeta é minha sina
ou busco a poesia
que a solidão me atina.

Fernando Campanella, 1993.