sábado, 12 de dezembro de 2009

ESTRELA DA NATIVIDADE


Pintura de 1925, feita por um pintor italiano na capela Santa Dorotéia
em Pouso Alegre, Minas Gerais.
Foto by Fernando Campanella

Um poema de natal , ESTRELA DA NATIVIDADE,
de Joseph Brodsky:

Numa estação invernal, em um lugar mais afeito ao calor
que ao frio, mais a planuras que a montanhas,
para salvar o mundo, em uma gruta nasceu um menino.
Nevava como só acontece em desertos no frio, em toda parte.

Ao infante tudo enorme parecia: o seio da mãe, o vapor
das narinas dos bois, o grupo dos magos - Melchior,
Gaspar e Baltazar - e suas prendas à entrada da gruta deixadas.
Ele era apenas um ponto, assim como o era a estrela.

Atenta, sem pestanejar, por entre pálidas nuvens esparsas, de longe
- das profundezas do universo, de seu extremo oposto -
sobre o menino na manjedoura, ao interior do presépio mirava
aquela estrela. E era do Pai aquele olhar.

Joseph Brodsky, poema escrito em 1987.

(Tradução de Fernando Campanella)


Do original, em inglês:

STAR OF THE NATIVITY

In the cold season, in a locality accustomed to heat more than
to cold, to horizontality more than to a mountain,
a child was born in a cave in order to save the world;
it blew as only in deserts in winter it blows, athwart.

To Him, all things seemed enormous: His mothers breast, the steam
out of the ox’s nostrils, Caspar, Balthazar, Melchior – the team
of Magi, their presents heaped by the door, ajar.
He was but a dot, and a dot was the star.

Keenly, without blinking, through pallid, stray
clouds, upon the child in the manger, from far away -
from the depth of the universe, from the opposite end - the star
was looking into the cave. And that was the Father’s stare.

(Joseph Brodsky)

Em espanhol:

ESTRELLA DE NAVIDAD

En estación helada y en un lugar más hecho al calor
que al frío, más a la superficie llana que al alcor,
en una cueva ha nacido un niño para salvar el mundo;
nevaba como sólo lo hace en el desierto en invierno crudo.

Al niño todo se le antojaba enorme: el pecho de la madre, el vapor
de las narices de los bueyes, los reyes magos, Melchor,
Gaspar y Baltasar, y los regalos acarreados a la cueva.
Él no era más que un punto. También lo era la estrella.

Atenta, sin parpadeo, por entre leves nubes, desde lejos,
de la profundidad del Universo, desde su extremo opuesto,
sobre el niño acostado en el pesebre, hacia la cueva miraba
aquella estrella. Y era del Padre la mirada.

(Joseph Brodsky)