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Foto por Gaëtan Bourque, do Flickr.
Deixa-me beber do liberado vinho
entoar meu íntimo canto
que a opressão dentro de mim dói
e quero a plenitude dos campos
dos gansos de arribação
que me fique o espaço para ouvir o vento
e o silêncio que o vento assopra
nos interstícios das águas
- não quero asas desjuntas-
deixa-me o corpo em vida, e a fantasia ,
para que das vias torpes não desfolhe eu
apenas as pétalas frias
deixa-me ser o que somos , amplamente,
na multidão dissonante dos eus
deixa-me assim até que te perceba
e apaziguado te toque
e minhas águas ordenarão seu curso
e minhas ilhas já não serão sem braços.
(Fernando Campanella, 1988)