Foto by Fernando Campanella
A quantas anda minha poética neste fim de tarde de domingo, no secreto limo deste ar molhado? Penso em famílias recolhidas, sinto o tempo instilando as horas... Eu não queria ser este ninho sem pássaro.
Desterro a memória de tudo que jaz em mim em mim, e me calo, dói-me saber que algum descuido, um sortilégio já inalcançável talvez tenham me feito assim.
Desterro a memória de tudo que jaz em mim em mim, e me calo, dói-me saber que algum descuido, um sortilégio já inalcançável talvez tenham me feito assim.
São tantas as saídas, tenta-me a roda do mundo : buscar um ópio, abrir o mágico, ouvir os sapos... Tecer a exaustiva inutilidade dos versos. Mas nada hoje me conforma, meu lirismo não sacia os recônditos lábios.
Há neste final de tarde prenúncios de um túnel de longa noite onde me deserte , um niilismo em sutil camuflagem. Um ainda aguardar (vaidade suprema) de meus úmidos, teimosos versos a eternidade.
Fernando Campanella, 1986