Foto por Fernando Campanella |
natal, lanternas vermelhas que lembram Bangcoc, eu nunca estive em Bangcoc, vitrines caras, lampejos de Nova Iorque, anjos caricaturais, fonte iluminada na praça, gente, gente, a loja de departamentos ainda me chama, na esquina a conhecida me conta do novo amor que conheceu em Istambul, um empresário norte-americano trabalhando em Bagdá, e me diz: estive também em Paris - eu penso Champs Elysées, uma mulher talvez pense neste instante em no Tâmisa se afogar, no supermercado alguém comigo desabafa: salário mínimo, assalto, bolachas, o caixa loiro diz a um homem: só tenho dezoito anos, baiano (e eu de certas ternuras tenho uma espécie de fome), "mulher é bom, mulher é bom demais", grita o funk num carro, onde é minha pátria?, lentamente tudo incorpora contornos de tudo - Pequim amarra o burro em Quixadá que importa sonhos de Roma, do Canadá - e num truque de mágica tudo de mim se aparta, no estacionamento leio Parking, ao dobrar a esquina já vou tarde, sou um bólido, sólido nada...me pede então um trocado um papai-noel sujo, esquálido
Fernando Campanella
Fernando Campanella