quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

LUZ CADENTE


Foto by Fernando Campanella


Serão miragens
aqueles tons em cobre
ondulando em folhas na tarde?
Meus olhos devem andar poéticos
ou delirantes.
Ou mais febril a minha percepção
que entende
que os animais atendem
às nuances que a luz da tarde concede.
Luz e folha devem ter naturezas atadas
em delicado, intraduzível elo
que traça o pássaro ao ninho.
Não sei.
O que para as aves deve ser
algo como arbóreas núpcias
em mim
é um degredo em ecos,
um vago ruflar de um sentido.

Minha razão nada pode
contra a luz cadente
que vela e desvela
aquele tom amêndoa
- ferrugem quase dor,
quase leve -
que a alma agora consente
e que de volta
à presciência do mundo,
ao ninho da terra
vai me cumprindo.


Fernando Campanella

Um comentário:

  1. Maravilha de poema! "Luz cadente" é alma pura, mistério poético! Especial demais...

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