Foto by Fernando Campanella
Um dia, alma criança,
ao vento indaguei a idade
e foi o tempo de meus ouvidos
o que obtive como verdade.
Do sol, a mesma questão lançada,
como solução veio-me o tempo
de meus olhos, de minha pele
ao calor e à luz exposta.
Estranhas, dúbias respostas:
o universo a um estalar de minha finitude
então se desmancha, e passa?
Ou trago, dos cumes da criação,
de tudo que brota, rebrota,
a mais irrestrita,
a mais eterna proposta?
Fernando Campanella, Fevereiro de 2008.
Poesia também nasce de circunstâncias, de acontecimentos. O poema acima veio-me após um acidente, uma situação quase limítrofe. Em uma viagem, o carro, desgovernado, chocou-se contra um barranco e capotou. Perdi a consciência por uns dez minutos segundo as pessoas que nos socorreram.
Naqueles minutos desacordado, meu eu, minhas emoções, o universo, tudo perdeu existência. Mas era uma fase feliz a que eu vivia. Se tudo findasse para mim naqueles momentos, findaria em plenitude, e eu nem saberia.
O carro teve que ser guinchado. No retorno à cidade mais próxima, no táxi providenciado pela companhia de seguros, tirei ainda algumas fotos (uma delas acima). Nunca eu vislumbrara o entardecer tão belo como naquele dia, ou talvez eu o estivesse enxergando com os olhos de uma criança em início de contemplação do mundo, e agradecendo pelo que via.
Escolhi para esta postagem uma das músicas que tocava no rádio do carro antes do acidente, 'Bend and Break', uma de minhas preferidas. A banda Keane, com o vocalista Tom Chaplin, faz parte da novíssima geração de astros pops britânicos de grande sensibilidade, ao lado da Coldplay, que, com uma roupagem moderna em suas canções, são mais um elo na corrente do romantismo eterno.
Parabéns, Fernando, pelo renascimento. Vemos a vida com outros olhos, a beleza intesifica-se. A nossa finitude confrontada com a do universo, como se fosse o infinito. Infinitos anos-luz olhamso à nossa frente. Que é a vida?, perguntamo-nos. Não, nem nos p0erguntamos. Queremos viver. Extasiarmo-nos com a beleza da existência.
ResponderExcluirAbraços.
Muito bonito. E, Fernando, poesia geralmente nasce de circunstâncias mesmo. Ainda bem que vc está aqui, que nós estamos aqui, no mundo.
ResponderExcluirPôooooooooooxa... Fer...
ResponderExcluirQue bom q não aconteceu nada de ruim com você.
Assim tive a oportunidade de te conhecer... ver o seu trabalho e o registro desse belíssimo entardecer.
Brigadúuuuuuuuu...
*.*
Maravilhosos, texto e imagem.
ResponderExcluirMuitas vezes me pego pensando e não acreditando que tenho acesso ao seu blog, eu tão minúscula e distante de qualquer veia artística (risos).
Abraços de luz
Amigo Fernando,
ResponderExcluirEis aí uma composição da melhor qualidade: a foto de sua autoria, o seu excelente poema 'Dúbio', a 'descriçao do acidente' e a música 'Bend and Break' com sua poesia, que tocava no rádio do carro, na hora do acidente.
Grande abraço,
Pedro.