quinta-feira, 21 de novembro de 2013

MAGNUM MYSTERIUM




Fotos por Fernando Campanella

Minha mãe chorava em terço,
meu pai benzia vacas no quintal. 
À porta de Minas, para seus entraves,
entre Deus e o curisco,
sempre havia uma cruz.

Sobre a palavra, edifico teu reino,
ó magno Mistério.  Minha chave -
deixar que te apropries das formas
e que dês corpo à luz.  

Fernando Campanella


sábado, 16 de novembro de 2013

PRIMEIROS TRABALHOS


De repente, este espaço vazio,
vozes sumindo, o vento sussurrando
em folhas...

De repente, a memória das palavras,
imagem e som em filigranas...

(tua possibilidade espiada 
entre frestas de janelas e portas)

Num lance de dados
te encontro, te acaricio, doce poesia...

Filtro emoções, recomponho o universo,
só, feliz, repentinamente...

(Fernando Campanella, 1982).

O poema de 1982  e a foto de 2007 acima foram dos primeiros trabalhos que fiz em poesia e fotografia.


terça-feira, 5 de novembro de 2013

LUA AMARELA (YELLOW MOON)

Foto por Fernando Campanella


Não lamentes idos amores, lua amarela,
que ainda preservas teus encantos
envolvendo mortais em tua trança
desde eras imemoriais. 
Não chores, embora meros errantes,
reféns entre o ser e o nada, sejamos,
e tão mais a mim sobrevivas
em nossas solitárias jornadas. 
A noite é apenas uma assombrosa 
e sonora chance. Dá-me tua mão, assim, 
afasta teu pranto - e que comigo dances. 

Fernando Campanella

YELLOW MOON

Don't mourn over past lovers, yellow moon, 
for you have preserved your charms
and enticed mortals to your feet
since generations of old. 
Don't weep, though we're mere wanderers,
hostages between being and nothingness,
and you survive so much longer than I
in our solitary strolls. 
Night is but a wondrous and sounding
chance. Take my hand, thus, part from 
your moans - shall we dance?

Fernando Campanella                                                                                                                                                   

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

EFEMÉRIDES (NOVEMBRO)



XI

Novembro lava a alma
e as flores do guapuruvu
respingam na tarde.

Logo a lua dá o ar da graça
e nos galhos da árvore
amorosamente se enrosca.

(O universo embala então
 a terra, e os pássaros
sonham abóbodas iluminadas).

Fernando Campanella