sexta-feira, 13 de março de 2009

THE DARK NIGHT OF THE SOUL ( A NOITE ESCURA DA ALMA)


Loreena Mckeennitt
Lohttp://images.google.com.br/imgres?imgurl=
http://2.bp.blogspot.com/_

Loreena McKennitt canta ' A noite escura da alma -
The Dark Night of the Soul':


http://www.youtube.com/watch?v=FcVaEA0009Q


THE DARK NIGHT OF THE SOUL (LYRICS)
BY LOREENA MCKENNITT

Upon a darkened night
the flame of love
was burning in my breast
And by a lantern bright
I fled my house
while all in quiet rest
Shrouded by the night
and by the secret stair
I quickly fled
The veil concealed my eyes
while all within lay
quiet as the dead
Chorus
Oh night thou was my guide
oh night more loving than the rising sun
Oh night that joined the lover
to the beloved one
transforming
each of them into the other
Upon that misty night
in secrecy,
beyond such mortal sight
Without a guide or light
than that which burned
so deeply in my heart
That fire t'was led me on
and shone more bright
than of the midday sun
To where he waited still
it was a place
where no one else could come
ChorusWithin my pounding heart
which kept itself entirely for him
He fell into his sleep
beneath the cedars
all my love I gave
And by the fortress walls
the wind would brush his hair
against his brow
And with its smoothest
handcaressed my every sense
it would allow
ChorusI lost myself to him
and laid my face upon my lovers breast
And care and grief grew dim
as in the mornings mist became the light
There they dimmed amongst the lilies fair
There they dimmed amongst the lilies fair
There they dimmed amongst the lilies fair















quinta-feira, 12 de março de 2009

FRUTOS DA TERRA


Frutos da terra, tela de Frida Kahlo
http://ciberpalheiro.blogspot.com

Benditos os filhos do ventre da terra
Que o sol desperta tão cedo,
O trigo e a uva os aguardando no campo
Para o mágico processo do pão e do vinho.

Benditos os frutos da terra
Que se abrem à manhã
Em silêncios e cantos
Que mesclam no ar

E os filhos da paz,
Que ligam o céu ao mundo,
Os que reciclam o dia
E dele retiram sustento e eternidade.

Abençoados os que bendizem,
Os que curam, e que a dor amenizam,
Os que por via de tolerância
Se entendem.

Benditos os que domam a cólera
E se transformam no amor,
Amor que bebe da identidade da vida.



Bendito o sol que amadurece os frutos de terra.
Mais bendita a luz
Por que anseia ‘a noite escura da alma’*.

Fernando Campanella, 1985




* Noite escura da alma, metáfora inspirada
nos versos de São João da Cruz,
em seu poema 'Noite Escura, abaixo:



Em uma noite escura
De amor em vivas ânsias inflamada
Oh! Ditosa ventura!
Saí sem ser notada,
´stando já minha casa sossegada.
Na escuridão, segura,

Pela secreta escada, disfarçada,
Oh! Ditosa ventura!
Na escuridão, velada,´
stando já minha casa sossegada.
Em noite tão ditosa,

E num segredo em que ninguém me via,
Nem eu olhava coisa alguma,
Sem outra luz nem guia
Além da que no coração me ardia.
Essa luz me guiava,

Com mais clareza que a do meio-dia
Aonde me esperava
Quem eu bem conhecia,
Em lugar onde ninguém aparecia.
Oh! noite, que me guiaste,

Oh! noite, amável mais do que a alvorada
Oh! noite, que juntasteAmado com amada,
Amada no amado transformada!
Em meu peito florido

Que, inteiro, para ele só guardava,
Quedou-se adormecido,
E eu, terna o regalava,
E dos cedros o leque o refrescava.
Da ameia a brisa amena,

Quando eu os seus cabelos afagava,
Com sua mão serenaEm meu colo soprava,
E meus sentidos todos transportava.
Esquecida, quedei-me,

O rosto reclinado sobre o Amado;
Tudo cessou. Deixei-me,Largando meu cuidado
Por entre as açucenas olvidado.








terça-feira, 10 de março de 2009

O DALAI-LAMA DO TIBET


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A notícia sobre Tibetanos manifestando-se, na Índia e no Nepal, contra a ocupação de seu território pela China, aos cinqüenta anos de uma fracassada sublevação que levou o Dalai Lama e autoridades do Tibet ao exílio na Índia, motiva-me a releitura de um livro dentre os definitivos em minha vida, ‘Liberdade no Exílio – Uma autobiografia do Dalai Lama do Tibet’, Editora Siciliano, 1992.

O relato completo, dramático, pelo líder político e espiritual, desta saga, sua fuga para a Índia, em 1959, assim como da deterioração da cultura e das condições de vida do povo tibetano pós- invasão, é apresentado no livro de uma maneira objetiva, com honestidade histórica, ao lado de uma grande demonstração de amor por sua tradição e sua gente, e de uma defesa da livre determinação dos povos.

Por ser uma autobiografia, fatos de seu nascimento, sua infância, passando pelo processo de escolha e de sua unção como décimo quarto Dalai Lama, sua adolescência e treinamento na palácio Potala em Lhassa, e sua fase adulta como governante, são o fio condutor destas memórias que nos desvendam mistérios e belezas das tradições e rituais budistas.

E é no pensamento, na visão budista do mestre que se encontra o maior encanto deste seu relato. O Dalai Lama, em uma bela, poética, narrativa, nos revela toda sua simplicidade, sua compaixão a todos os seres vivos, por um lado. Em outra vertente, mostra-se aberto a um diálogo entre o Budismo e a Ciência e a outras religiões. Firmado na tolerância, acredita que diferentes culturas, crenças, etc., possam encontrar um denominador comum e cooperarem para o progresso espiritual da humanidade.

O Budismo, com seu conhecimento sobre os vários níveis de consciência, suas técnicas de meditação para um maior autocontrole e uma percepção mais afinada com a realidade espiritual, tem muito a ensinar para um ocidente extremamente polarizado na competição e no conforto material. O princípio do respeito como condição para nossa evolução e aperfeiçoamento, a compaixão a tudo que vive, de plantas, insetos, a seres humanos, vivos e mortos, faz também desta doutrina milenar uma precursora das idéias ecológicas que os ocidentais vêm tomando consciência a partir do século passado. Tudo isso emana das palavras e atitudes de Sua Santidade o décimo quarto Dalai-Lama do Tibet, neste livro.

Por sua luta pacífica incansável pela libertação de seu povo e pelo entendimento entre os homens, inspirada em Mahatma Gandhi, o Dalai- Lama recebeu, merecidamente, o prêmio Nobel da Paz em 1989. Seu discurso de aceitação termina com a reafirmação de seu propósito desde que exilou-se do Tibet:

“... O prêmio reafirma nossas convicções de que, com a verdade, a coragem e a determinação como nossas armas, o Tibet será libertado”.

De uma amiga, que o viu pessoalmente no Brasil, ouvi o seguinte: “ O Dalai-Lama é para mim o maior líder espiritual da terra. Ao vê-lo passando, senti um ventinho de Deus”.


Fernando Campanella, 10.03.2009

http://indiagestao.blogspot.com/2009/01/mantra-om.html


PALAVRAS DO DALAI-LAMA


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Palavras do Dalai- Lama em sua autobiografia:

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0DMOtnEarSu2ncunyhpgy-cxJ0hf1Kkk3x0D1TzUXzf8kGfqI1D5Z8sKmzgAr4D8fYz03hc5yZdDx7cULCiorXTdbsb6rIVDfIDUP-j2vOr3hGkNDwqWZZJ_GRhABGxobtFylgRXXtbRg/s400/ATcAAAAY3nCfpE5yRrjrExzqXfhoRHk8s1RvtUlGrQe6qcvBQqWuw6lIX8GYevbJ6TSCs5FIB6-psQZXG_ISGQ9FsBqqAJtU9VAwpoFbd7XWglDQIugU9zw_tFOxYQ.jpg

SOBRE MADRE TERESA DE CALCUTÁ:

“...Madre Teresa de Calcutá ... é outra pessoa por quem tenho o mais profundo respeito. Fiquei logo impressionado pela sua atitude de absoluta humildade. Do ponto de vista do budismo, ela poderia ser considerada um bodthisattva...”

SOBRE MEDICINA TIBETANA

“O tratamento ( de uma doença) consiste, primeiro, eem comportamento e dieta. Só em segundo lugar vêm os remédios. Em terceiro lugar, a acupuntura e a moxibustão (um tratamento específico pelo calor) E em quarto a cirurgia. Os remédios são feitos de material orgânico, às vezes combinado com óxidos metálicos e certos minerais (inclusive, por exemplo, diamantes pulverizados)...”


SOBRE DENG XIAOPING , GOVERNANTE COMUNIST CHINÊS;

“...Acresce que, em matéria de política, ele se mostrava mais preocupado com economia e educação que com ideologias e slogans vazios...”

DE SUA VISITA À URSS:

“... a espiritualidade está tão profundamente enraizada na mente do homem que é difícil de erradicar – senão impossível...”

SOBRE A RELIGIÃO , EM SUA VISITA À URSS

“... Foi nesse museu que vi um quadro que mostrava um monge com uma grande boca aberta na qual entravam nômades acompanhados de seu gado. Aquilo tinha uma óbvia intenção de propaganda anti-religiosa... Havia alguma verdade no que a pintura dizia... Toda religião tem a capacidade de fazer mal, de explorar as pessoas, como dizia aquela imagem. Não era culpa da religião em si, mas daqueles que a praticam.

SOBRE A CONSCIÊNCIA:

“... Segundo o pensamento budista, são muitos os níveis de consciência. Os mais grosseiros são os da percepção ordinária – tato, visão, olfato, etc – e os mais sutis, os que se apreendem no momento da morte. Um dos objetivos do Tantra é permitir ao praticante ‘experimentar’ a morte porque é então que as mais potentes realizações espirituais acontecem...”

SEU PLANO DE PAZ ( PARA O TIBET) DE CINCO PONTOS:

1. A transformação de todo o Tibet numa zona de paz.

2. O abandono da política chinesa de transferência de população, por ameaçar a própria
existência dos tibetanos como um povo.

3. Respeito aos direitos humanos fundamentais e às liberdades democráticas do povo ti-
betano.

4. Restauração do meio ambiente tibetano e sua proteção, com o abandono pela China
do uso do Tibet para a produção de armas nucleares e lançamentos de refugos nucle-
ares.

5. Início de negociações sérias sobre o status futuro do Tibet e das relações entre os po-
vos tibetanos e chinês.















segunda-feira, 9 de março de 2009

HERMANN HESSE


(Aquarela de Hermann Hesse)
confortin.com.br/?p=68

Hermann Hesse é uma presença, uma identificação em minha vida. Seu romantismo atemporal, sua sensível leitura do mundo , suas aquarelas, tudo dele me toca, como um mistério, tornando-me, além de um admirador ou um discípulo, um continuador desta corrente de almas que buscam na natureza inspiração e sentido, nela encontrando sua verdadeira pátria.

Este poema meu, abaixo, exemplifica o exposto acima:

Outono
uma aragem
uma estação
um rito de passagem...
um cão sem pelo
em cima do muro:
não é lava nem gelo
nem claro nem escuro
uma luz quase sedada
em transição
(as árvores confrangem;
os ursos já estendem
suas camas)
um sopro
esta alma esvoaçada
um verso
uma folha de mim
à tua janela
deixada.

Fernando Campanella


Agora, um trecho de um livro de crônicas de viagem do Hesse, ‘Pequenas Alegrias’, que comprei em um Sebo. Publicação da editora Record em bela tradução de Lya Luft, de 1977.


“...Muitas coisas boas ainda nos esperam antes que o inverno retorne. As uvas azuladas se tornarão macias e doces, os rapazes cantarão durante e colheita, as mocinhas em seus coloridos lenços de cabeça parecerão belas flores do campo entre as videiras. Muitas coisas boas ainda nos aguardam, e muito do que hoje nos parece amargo amanhã parecerá doce, quando tivermos aprendido melhor a arte de morrer. Por enquanto esperamos o amadurecer das uvas, o cair das castanhas, esperamos apreciar a próxima lua cheia, envelhecemos visivelmente, mas ainda vemos a morte bastante ao longe. Como disse um poeta;

Magnífico é para os velhos
O calor do fogão e o rubro vinho,
E por fim uma suave morte –
Mais tarde, porém, hoje ainda não!

( Hermann Hesse, Fim de verão, 1926)




PELOS CAMPOS


Passam nuvens no céu,
sopra o vento pelos campos,
pelos campos vagueia
o perdido filho de minha mãe.
Rolam folhas nas estradas,
- cantam pássaros nas árvores
nalgum lugar pelos montes
deve estar minha terra
distante.

(Hermann Hesse)


domingo, 8 de março de 2009

A OSTRA E A POESIA


Ferreira Gullar (http://images.google.com.br/imgres?
http://palavraguda.files.wordpress.com/)

Tenho estado um tanto alheio aos acontecimentos do mundo. Fruindo a vida possível, em certas incursões pela natureza, pelo passado, buscando a cultura do simples, do espontâneo, transformando essas experiências em crônicas, pensamentos e poesias.

Hoje, sentindo-me distante, tão particularmente encerrado neste meu 'viver -ostra', disponho-me a dar um giro pelas notícias e reportagens dos jornais do dia. Novamente, é uma realidade a cada instante mais complexa com que me deparo.

Há uma matéria especial sobre os novos empregos do século vinte e um. E mais profissões, altamente especializadas, que passo a conhecer , como a do aquaculturista, que atua na produção de organismos aquáticos. E e a do atuário, profissional que sabe mensurar quanto custam os riscos, um gestor de possíveis danos, espécie de guru das empresas de seguros, por exemplo. . Acidentes de trânsito, doenças, viabilidade de investimentos, tudo passa pelo seu crivo e aferimento.

Nas praias do litoral norte de São Paulo, uma nova modalidade de lazer aquático, o Stand Up Paddle Surf , é o frisson deste verão. Esporte para cuja prática são necessários apenas um prancha e um remo.

A equipe de lexicógrafos do Novo Dicionário Americano de Oxford apresenta sua lista de neologismos mais ‘quentes’ de 2008. 'Frugalista' é um deles, escrito exatamente assim, com o sufixo espanhol ‘ista’ adotado nos anos 90 pelos americanos na palavra ‘fashionista’, referente a alguém que segue religiosamente a moda. 'Frugalista', por sua vez, designa a pessoa que mantém um estilo de vida frugal, permanecendo, porém, saudável, sempre na moda, reciclando ou trocando roupas, comprando utensílios de segunda mão, etc. Sábia atitude neste ano de vacas magras que se inicia.

Mas o foco das manchetes e reportagens dos jornais deste domingo recai sobre os preparativos para a posse de Barack Obama, e o grande desafio que esse carismático democrata tem pela frente: os Estados Unidos e o mundo em recessão e o acirramento da eterna crise no Oriente Médio.

Um pouco mais atualizado com o que acontece fora do meu quintal, passo ao que mais me interessa, uma entrevista com Ferreira Gullar, no Estado de São Paulo. O poeta, aos oitenta anos, retorna à poesia, uma década após a última publicação de seus versos. Está finalizando o livro 'Em Alguma Parte Alguma', com poemas inéditos, a ser lançado pela editora José Olympio.

O que me toca nessa entrevista são suas declarações sobre o seu ser e fazer poéticos.

Para Gullar, cronista, pintor, crítico, o mais importante é a poesia, que nasce do espanto quando a vida lhe revela um novo ângulo, algo que desconhecia. Um perfume de jasmim já lhe inspirou os sentidos para a criação de um maravilhoso poema.

Fecho, então, os jornais, apaziguado. Quando detalhes tão mínimos , como uma certa luz , uma árvore em flor, ou uma canção antiga, me inspiram, não estou tão só, tão abstraído do humano, assim.

Após tanta atuação e conhecimento do mundo, Gullar redescobre o poeta que sempre trouxe dentro de si . E nos diz que o cotidiano com suas particularidades provoca-lhe, às vezes, uma desordem interna, um impulso incontrolável que o leva à poesia.

Minhas também as suas palavras e a sua idiossincrasia.
Fernando Campanella, Janeiro de 2009



'...E digo mais: o poema não é a expressão do que se viveu ou experimentou. Se eu sinto um cheiro de jasmim na noite e escrevo um poema sobre esse fato, o que faço não é expressar tal experiência, mas, na verdade, usá-la como impulso para inventar uma coisa que não existia antes: o poema, o qual se somará a todas as galáxias, planetas, cometas, oceanos e tudo o mais que exista no universo. E o universo será, a partir de então, tudo o que já era mais aquele pequeno agregado de palavras, nascido de um perfume."

Ferreira Gullar, parágrafo final da crônica "E o cronista endoidou..." Folha de S.Paulo (19.06.2005)

DESORDEM


"... o jasmim, por exemplo
é um sistema
como a aranha
(diferente de poema)
o perfume
é um tipo de desordem
a que o olfato põe ordem
e sorve..."
(Ferreira Gullar)


UMA COROLA

Em algum lugar
esplende uma corola
de cor vermelho queimado
metálica
Não está em nenhum jardim
em nenhum jarro
da sala
ou na janela
Não cheira
não atrai abelhas
não murchará
apenas fulge
em alguma parte
da vida
(Ferreira Goulart, Uma corola,
de seu livro inédito)



AQUARELA


Lírio do Brejo, foto by
Fernando Campanella

Bananeiras
lírios do brejo
sapos
e reticências mineiras

Em transparências de tédio
a aquarela da tarde
é meu exílio de Minas....

Fernando Campanella , 1993