quarta-feira, 18 de março de 2009
IDENTIDADES... DOIS POETAS NO TEMPO
Foto by Fernando Campanella
INTERLÚNIO
De onde o viés no peito
( este pranto incrustado)?
Viria do oceano premido
de abrolhos
de incursões de tempestades?
Ou é vórtice de alma
de luas cegas
de fantasmas desterrados?
De onde esta concha
que idealiza os pássaros?
Este azul
que esfuma os montes
e inventa um céu,
meu poder de ficção,
meu sonho,
o que paira tão alto
e que para sempre me escapa....
Fernando Campanella
UMA CANÇÃO
Por detrás dos meus olhos há águas
Tenho de as chorar todas.
Tenho sempre um desejo de me elevar voando,
E de partir com as aves migratórias.
Respirar cores com os ventos
Nos grandes ares.
Oh, como estou triste...
O rosto da lua bem o sabe.
Por isso, à minha volta há muita devoção aveludada
E madrugada a aproximar-se.
Quando as minhas asas se quebraram
Contra o teu coração de pedra,
Caíram os melros, como rosas de luto,
Dos altos arbustos azuis.
Todo o chilreio reprimido
Quer jubilar de novo
E eu tenho um desejo de me elevar voando,
E de partir com as aves migratórias.
Else Lasker-Schüler
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Isso é perfeito:
ResponderExcluir"...Este azul
que esfuma os montes
e inventa um céu,
meu poder de ficção,
meu sonho,
o que paira tão alto
e que para sempre me escapa...."
Maravilhosa!!
Obrigado, meu grande amigo.Sabe, eu particularmente, acho isso muito bonito, "... este azul que esfuma os montes e inventa um céu", porque na realidade tudo parece ser, toda ciência, toda filosofia, são provisórios, o absoluto é uma tentativa, a grande verdade apenas se intui, e pelas gerações nos escapa. Grande abraço.
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