sábado, 21 de março de 2009

MATSUO BASHÔ



UMA NOITE NO TEMPLO DE ZENSHO

Hospedei-me nos subúrbios de Daishoji, num templo chamado
Zensho. Este lugar pertence ainda à província de Kaga. Sora tam-
bém se tinha hospedado neste templo, na noite anterior, e tinha
deixado este poema:

Toda a noite
escutei
o vento de Outono na montanha

Separava-nos a distância de uma noite, mas era como se entre
nós houvesse mil «ri». Também eu, escutando o vento do Outono
me deitei no dormitório destinado aos noviços. Ao romper a auro-
ra ouviram-se orações, soou a campainha e apressei-me a entrar
no refeitório. Desejava chegar, nesse mesmo dia, à província de
Echizen e saí a toda a pressa do templo, enquanto os jovens bon-
zos me seguiam com papel e pincéis, até ao pé da escadaria. Nes-
se momento caíam umas folhas de salgueiro no jardim. Ao calçar
as sandálias e aparentando mais pressa do que tinha, deixei escri-
to o seguinte:

Com folhas de salgueiros
é como posso pagar
a vossa cortesia

Matsuo Bashô, 1644-1694

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