sábado, 21 de março de 2009

VENTOS DO LESTE


Foto by Fernando Campanella

Esta brisa de outono
me traz um poema de Bashô,
desperta aromas maduros ,
nascentes e frutos,
traz também o viés da vida,
fogo e cinza,
folha ressequida:

amplo leque de pretéritos
e prenúncios.

Este vento nos pinheiros do leste
tocou poetas longínquos
e agora ressoa minhas cordas:

já não sou o pária da noite,
o grande órfão do mundo.

Este sopro traduzido,
transportado a laranjeiras,
paisagens do meu quintal,
abre-me o grande livro da alma -

minha natureza é mãe e madrasta
de meus versos.

Fernando Campanella, outono de 2007

2 comentários:

  1. Fernando, simplesmente esse poema encanta! Essa imagem que você usou eu elegeria como uma das mais belas já captadas pelos teus olhos de poeta! É simplesmente fantástica! Perfeitos! Parabéns.

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  2. Muito obrigado, meu querido amigo. É um poema um tanto quanto àntiga, mas minha alma é assim, encontra inspiração em épocas há muito passada. Grande abraço, volte sempre.

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