quinta-feira, 18 de junho de 2009

A GRALHA AZUL


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Gosto de percorrer as enciclopédias, impressas ou eletrônicas, hábito adquirido na infância, em busca da história e da geografia, nossas e de outros povos, do mundo natural, das conquistas da ciência e do espírito das artes.

Nessas maravilhas informativas, os espaços dedicados às árvores e aos animais, em particular às aves, são os que mais me encantam, e, ao mesmo tempo me entristecem: junto a belíssimas fotos e informações sobre determinado membro do reino vegetal ou animal há sempre o malfadado carimbo de ‘espécie em extinção’.

A gralha azul , ave símbolo do Paraná, é uma, como tantas, dessas espécies condenadas ao desaparecimento pela irreversível, depredatória, ocupação humana do espaço natural.

Ave de majestoso porte, medindo em torno de 40 cm do bico à cauda, é considerada uma das grandes aves brasileiras. Vive em bandos de 4 a nove indivíduos, prefere espaços fechados, como as matas, e prestam auxílio mútuo na limpeza das belas plumagens.

À parte toda sua majestade e beleza, a gralha azul destaca-se por um comportamento previdente que enorme serviço tem prestado à disseminação das araucárias no sul do país. Na época de fartura dos pinhões, ela enterra alguns deles, a longas distâncias, armazenando-os, assim, para ter alimento na época da escassez. E como, por tanto alimento estocado, se esquece muitas vezes de onde o colocou, as sementes poupadas gerarão novas árvores. Daí a sua elevação a ave símbolo do Paraná , estado caracterizado geograficamente por suas grandes extensões de araucárias.

Essa ave ícone, não só de um estado, mas, por extensão, de toda uma conscientização ecológica, tem inspirado inúmeras lendas cujo tema é precisamente a necessidade do respeito e da preservação de nosso ecossistema.

A gralha azul , assim como outras espécies ameaçadas da terra, ainda é real, visível e atuante, porém, corre o risco de viver apenas em suas lendas, ou na arte, tornando-se um elo perdido, símbolo, não mais de um estado, mas de um paraíso sonhado, para sempre em retrospecto.

"Nas enciclopédias multimídias do terceiro milênio
Os dinossauros verdes e alados do mundo
Serão o ‘cult’ da garotada.
Os teóricos vão digitar sobre a extinção
Das árvores, dos pássaros, em massa."
(Poema de Fernando Campanella, 1990)

Fernando Campanella

Fonte: Pavilhão Literário Cultural Singrando Horizontes - José Feldman

2 comentários:

  1. Fernando, é muito bom ler um texto assim tão repleto dessa consciência ecológica tão falada ultimamente e tão pouco colocada em prática. E a garotada, apaixonada pelos verdes dinossauros, um dia sentirá falta do azul das gralhas e do céu...

    Abraços.

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  2. Lindo texto!!! Aliás em tempos de ecologia, vc acertou de cheio ao selecionar tão linda matéria... ABraço...

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