Foto by Fernando Campanella
(região de Santa Rita do Sapucaí, sul de MG)
O que me fica de Minas,
mais que o rumo das inconfidências,
são as ossadas azuis distantes de seus montes,
indecifráveis dinossauros férreos
incrustados na vastidão da alma.
Mais que os versos para Bárbara,
o que me encanta de Minas
é um certo ar de inverno impregnando as sombras,
um cheiro de esterco em pastos orvalhados
onde cavalos , insetos e vacas
reinam domínios de silêncios gigantes;
é a beleza modesta, porém eterna,
de suas claras morenas meninas,
os seios de desejos castos arfando;
são restos senhoris dos cafés dos campos,
casas com trepadeiras rubras e limões-cravo
despencando,
um certo abandono, um descomunal cansaço,
uma quase lembrança do que já vivido
e os incansáveis, gentis, negros braços,
o leite pródigo dos úberes,
seiva inteira deste universo Minas transverberado.
Mais que a transparência obscura do nome,
para além de toda forma, o que me fica de Minas
é anis, é matiz, é perfume.
Fernando Campanella, 1990
Como esperava, gostei muitíssimo. Minas mexe comigo, como que sinto esse perfume que impregna a natureza verde e as pedras de Minas. É um perfume de infância, eu que nasci no mato - um lugar chamado Matão, que no início foi uma grande fazenda ciada por um meu bisavó - que veio de Minas.
ResponderExcluirObrigado.
Um abração.
Minas no sangue, na alma, no coração, na mente, no corpo, nas montanhas, no céu, no sol, nas gentes, nas igrejas, nas ruas, nas ladeiras, nos auto falantes das igrejas, nas estas, nos sinos, nas canções, enfim, Minas se traduz por imagens que só quem aqui vive pode descrever, adoro esse poema!!!
ResponderExcluirNossa Fernando,este teu amor por Minas é contagiante. Lindos versos!
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