segunda-feira, 7 de setembro de 2009

DO MUNDO


Foto by Ana Pires*

...somos frágeis barcos sobre as horas.
(Fernando Campanella)

Vão, que já não são meus
os filhos, os versos, a estória.
Comigo não ficam meus passos
nem o desenho do corpo.

Vão os que do mundo vieram:
as folhas, os porres, os cansaços.

Se depositamos guirlandas e lágrimas
aos pés deste Deus, meu amor,
nossos tesouros já não ficam ensismemados.

Vão, pois,
fiquem vazios nossos barcos
por tamanha generosa partida.

E para tantos outros encontros
solte-se a órbita do peito no espaço.

Fernando Campanella , 1988

*Ana Pires, autora da bela foto acima, é filha de minha amiga-poeta Graça Pires.

7 comentários:

  1. Belo poema, Campanella. De tudo nos despedimos, já não são nossos nem os filhos, nem as paisagem que vimos, nem a história que vivemos. Mas ainda viveremos: é um poema de esperança - de outros encontros no espaço.

    Um bom Dia da Pátria para você. Começamos comemorando a Pátria por obrigação, que não nos sobra o respeito suficiente para comemorar por amor. Culpa da Ditadura? Também da acomodação bem brasileira. E não adianta falar que não temos o que comemorar. Temos. Pois, comemoremos: UM BRINDE AO BRASIL.

    Grande abraço.

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  2. Boa tarde, meu caríssimo amigo Brandão. Já avançamos, creio, na construção de uma nação. Falta ainda muito: justiça, emprego, dignidade. E auto-estima. Mas chegaremos lá.
    Mas, veja, como o Caetano diz: nossa língua ( a dos poetas) é nossa pátria. Então, comemoremos.
    Grande abraço, meu amigo.

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  3. Obrigado, Dione, querida amiga, sinto falta de tuas palavras, de tua suavre presença por aqui. Bjos.

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  4. Belíssimo!!! Faço minhas as palavras da Dione e do Poeta Brandão... abraço...

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  5. Obrigado, Antonio, tb sinto falta de tua presença por aqui, de tuas palavras tão gentis. Grande abraço.

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  6. Campanella, voce é o poeta que encanta e emociona até a alma
    parabens pelo poema, pelo texto
    beijos da índia

    Ceição Bentes

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