Foto by Fernando Campanella
A poesia, se um dia de mim se for,
que eu não a renegue, nem de meus poemas
eu diga, ‘ah um dia isto tresloucado eu fiz’.
Quando o tempo da mais morna sensatez
ao chão me puxar , como um laivo de razão
a ensombrar os deuses, e as horas
vierem despidas, desfolhados na vastidão ,
que eu não cerre as pálpebras
e mumure, ' consummatum est,
foi tudo desvio e dissipação’.
E se não mais me vibrarem os tímbalos
e de mim restarem tão somente
o silêncio imune e a cinza amorfa,
que de mim eu me lembre
como um acendedor de palavras,
e que eu me leia, na noite,
como se lêem os mosaicos dos sonhos,
os versos, o melhor de meus atos,
a mais sublime, libertária , rendição.
Fernando Campanella, Novembro de 2008
Adorei. É uma linguagem clássica e um ritmo excelente.Um conteúdo temático irrefutável.
ResponderExcluirBom sábado.
bj
Depois de um certo tempo, a dedicação à poesia é como uma sina - mas não acreditamos em sina. Talvez vocação? Teríamos que afirmar que temos um dom - e eu me cansei de afirmar que poesia é apenas trabalho, o oficial no sua oficina. Nem sempre sai boa coisa, mas persistimos em busca da jóia mais perfeita, da peça que venhamos a admirar, que que talvez digamos: Esta é a obra com que eu sonhei. Há maneiras piores de se perder/ganhar o tempo. Uns tomam éter, outros cacaína (era assim o poema de Bandeira?), nós tomamos poesia. E assim o conto da vida se acaba (desculava-se Machado). Eu, que não sei cantar, canto o meu conto da vida - e dou-me por satisfeito.
ResponderExcluirAbração.
Maravilha!! E a foto?? Perfeito casamento! parabéns!!
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