Rio Mandu, de Pouso Alegre, MG
Foto by Fernando Campanella
Quando mostrei a foto acima a um conhecido, ouvi algo como: 'Quem diria, não dá para reconhecer nosso velho, poluído, mal-cheiroso Mandu.'
O comentário me deixou feliz, por um lado, pois nele estava implícito um certo elogio à imagem do meu rio que eu registrara. Por outro, é triste constatar como nos distanciamos de coisas 'banais' como a natureza, dando as costas para suas manifestações que, para dizer o mínimo, nos viram nascer, e nos sobrevivem.
Às vezes, experimento, também, a estranha sensação de ser um Quixote, um romântico, anacrônico, vendo coisas que não existem, em fotos que crio, as quais parecem não corresponder à crua realidade dos fatos.
O rio em questão, por exemplo, já perdeu quase toda sua mata ciliar, é depósito de esgoto ( uma ' cloaca a céu aberto') e vem sofrendo acúmulo de entulhos e início de favelização às suas margens. Não faço vista grossa a essa realidade, jamais. E tudo isso, proveniente da inconsciência e do descaso, ainda mais me entristece. Mas insisto em buscar a beleza, anacrônico ou não, esteja ela onde estiver, ou onde meus olhos a virem, um projeto de alma.
O rio em questão, por exemplo, já perdeu quase toda sua mata ciliar, é depósito de esgoto ( uma ' cloaca a céu aberto') e vem sofrendo acúmulo de entulhos e início de favelização às suas margens. Não faço vista grossa a essa realidade, jamais. E tudo isso, proveniente da inconsciência e do descaso, ainda mais me entristece. Mas insisto em buscar a beleza, anacrônico ou não, esteja ela onde estiver, ou onde meus olhos a virem, um projeto de alma.
Em um tempo de alarme ecológico, da babel de conferências do clima, e ainda com referência ao rio de minha, e de todas as aldeias, deixo aqui um pensamento, uma límpida frase, que muito me tocou nesta semana: 'A várzea pertence ao rio', da geógrafa, professora da USP, Odette Seabra.
As várzeas pertencem aos rios, os glaciares aos polos, as fragatas ao mar... Teremos que rever nosso insensato processo de urbanização, nossa relação com o ambiente, se buscamos a sobrevivência de nossa espécie. E artistas, afinal, à frente dos ecologistas, há muito vêm expressando isso na beleza 'ínútil' de sua arte.
Fernando Campanella
Querido amigo, me identifico com tudo o que escreve e fotografa, desculpe mas tenho muita dificuldade em comentar, em seu blog,
ResponderExcluiracho que me repetiria dizendo sempre: "Que Maravilha!!!Que Maravilha!!!"
Você não imagina quantos poemas seus eu formatei, no orkut e não tive coragem de
encaminhar por achar que não estava à altura de seu trabalho.
Suas crônicas demonstram lucidez em relação ao meio em que vivemos, seja em prol
da ecologia ou contando casos de sua terra o que demonstra que é um poeta, escritor e fotógrafo antenado com o seu tempo.
É muito bom ter um poeta que retrate o que sentimos, melhor ainda é poder se relacionar com ele , ainda que virtualmente.
Abraço.
Oi, Fernando!
ResponderExcluirSaudades de passear por aqui... tem muita coisa nova: preciso colocar a leitura e dia, rsrs...
Há coisa de mais ou menos três semanas, saiu num jornal de minha cidade uma fotografia linda de um canal que passa em plena Avenida Presidente Vargas, no centro do Rio. Este canal, também pode-se dizer,é uma "cloaca a céu aberto"... mas a imagem estava tão linda... que não resisti: escaneei e postei no meu blog . No dito jornal, a imagem era moldura para um comentário ecológico, num apelo desesperado pela reurbanização da área... E como também tenho necessidade de moinhos de vento, dei um "tom" diferente na postagem (aqui: http://infinitoparticulardalva.blogspot.com/2009/11/carioquissima.html)
A arte nunca será inútil, mas uma arma a mais para a luta ecológica.
Bjs.
Campanella, sabe que eu não gosto de ecologia? Da palavra. Soa artificial. Para inglês ver. Para fazer bonito. Penso na integração do homem com a natureza. Penso que o mal do nosso tempo é o homem ter perdido as suas raízes.
ResponderExcluirConferência de Copenhegue... Implicância minha? Vejo, imagino muito dinheiro envolvido? Como toda aquela gente está lá? Do que vive, sobrevive... Não, vive, porque vivem bem. Do que vive aquela gente toda? GreenPeace... São proprietários de navios caríssimos, laboratórios sofisticados viajando pelos mares da terra - com que recursos?
Esses ecologistas conhecem a natureza? Já viveram em contato com a terra? Sabem admirar uma árvore, um pássaro, um cavalo ou um tatu? Sabem contemplar um rio? O que diriam do Rio Mandu? Que é poluído, apenas? Improvisariam ou repetiriam um discurso retórico e vazio?
O rio da minha aldeia é o rio da minha aldeia, para nós. Isso é perto do sublime. Mas um ecologista não tem aldeia. Não tem raízes.
Quero estar enganado. Provem-me, pelo amor de Deus.
Sim, conheço biólogos que amam a natureza, com seus animais e suas plantas. Vivem na natureza. Não são ecologistas.
Os ecologistas vivem em congressos. São financiados para fazer congressos. A sua natureza não é natural. Ah, homens de plástico...
Parabéns pela sua crônica e pela foto. Não seja um ecologista. Continue poeta - da palavra e câmera fotográfica. As imagens não mentem - criam.
Abraços,
Brandão.
Grandes verdades ,meu amigo. Revejo-me em cada palavra.
ResponderExcluirBeijinho
Querido e estimado amigo, que maravilha está teu blog, sempre um prazer renovado vir te ler.
ResponderExcluirJá estás cansado de saber como aprecio tudo que escreves, um grande abraço meu irmão em alma.
Kisses.
Muito obrigado, Amália, pelo enorme carinho, e, sensível como vc é, apareça mais vezes e deixe a dificuldade em comentar,deixe-a de lado. Tenho certeza de que vc sempre terá a boa palavra e ela é tão importante para os amigos.
ResponderExcluirObrigado também, Flor, teus blogs são maravilhosos, sempre fico surpreso com tanta criatividade por lá. Visitei o 'Infinito Particular', porém não encontrei a referida foto. Preciso saber exatamente em que dia foi postada.
Muito me deixa feliz também, Brandão, tua visita. Tua sensibilidade, tua dedicação à poesia, boa poesia, são motivos de alegria para mim. Agradeço pelas brilhantes sugestões, pelo carinho e amizade. Admiro demais o teu fazer poético, assim como o da Sonia, com suas belas fotos. Teu blog , assim como o da Sonia, são maravilhosos e muito aprendo por lá.
Ana, você é um contato recente, mas já posso considerar minha amiga de alma também. Inteligente, sensível, culta, uma linda alma. Adoro teu blog também, um espaço maravilhoso, com escritos e fotos de alta qualidade.
Madalena, minha irmã de alma, minha grande, imensa amiga. Quero que saibas do carinho também imenso que tenho por vc, da admiração que sinto pela tua inteligência, tua amizade é para mim 'conditio sine qua non'. Agradeço por todos os momentos de tão linda troca de impressões, de beleza, de conhecimento. Obrigado também por me auxiliar com nomes de árvores, plantas, etc. Tens uma grande alma, minha amiga, e preciso dela junto de mim. Teus blogs são um primor, um serviço maravilhoso prestado à poesia de boa qualidade, às artes, ao espírito.
Li com imensa atenção o texto que você escreveu, meu amigo, e subscrevo totalmente.
ResponderExcluirNa sua bela fotografia realmente não se vê a poluição. A ecologia é um problema de todos. Se não tivermos cuidado não haverá rio algum que mitigue a nossa sede.
Um beijo e um BOM Natal e um Novo Ano MELHOR.
Muito obrigado, Graça, saiba que tua presença aqui, pela linda alma expressa em versos que possuis, muito me agrada.
ResponderExcluirQuanto ao rio, Graça, na realidade ele não é tão poluído como o das grandes cidades, mas, sabe, muito me incomoda quando vejo esgoto sendo jogado nele, lixo às suas margens, e assim por diante. Esta imagem da foto foi conseguida em uma tarde em que por ele passei, ( ah, o rio de minha aldeia, lembrando o Pessoa)e ele estava tão bonito, tão romotamente poderoso, que não resisti e tirei a foto. Na realidade usei a modalidade 'crepúsculo' de minha Sony digital. Cortei um pouco a imagem para realçar o reflexo que nele se encontra. Mas a imagem original já estava poderosamente linda. Gostaria muito que o Pessoa visse esta foto (risos),acho que ele aprovaria pois a mim muito surpreendeu pela beleza do rio.
Grande abraço.
Oi, Fernando...
ResponderExcluirVai aqui o link da postagem, com a referida foto (está escaneada, a qualidade não é tão boa...)
http://infinitoparticulardalva.blogspot.com/2009/11/carioquissima.html
Bjs
♥
Obrigado, Flor, já localizei a foto lá na postagem, apesar de escaneada dá para ver a beleza do lugar. Grande abraço.
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