sábado, 13 de março de 2010

UM REI DE OUTROS TRONOS


Sr. Antonio, foto gentilmente autorizada.
Foto by Fernando Campanella


O NEGRO FALA SOBRE RIOS


(UM POEMA DE LANGSTON HUGHES)


Conheço os rios:

rios ancestrais como o mundo
e mais remotos que o fluxo de sangue humano
em veias humanas.


Minha alma tornou-se profunda como os rios.



Banhei -me no Eufrates quando a aurora

era ainda criança.
Construí minha choupana às margens do Congo
que me adormecia com suas canções de ninar.
Voltei meus olhos ao Nilo e acima dele
alçei as pirâmides.
Ouvi o canto do Mississipe quando Abe Lincoln
até Nova Orleans por ele navegou
e vi seu coração lamacento dourar-se por inteiro
a cada declinar do sol.


Conheço os rios,

rios nevoentos, imemoriais.


Minha alma tornou-se profunda como os rios.


(Tradução de Fernando Campanella)

Quando tirei a foto do Sr. Antonio, acima, há aproximademente um ano e meio atrás, ocorreram-me, de pronto, o título 'Um Rei de Outros tronos', assim como um belo poema de Langston Hughes que havia lido.

Ontem ela foi colocada em papel, e me surpreendi com sua beleza e nitidez. Detalhes maravilhosos aparecem, como os sinais do longo tempo vivido, no rosto, nas mãos, nas veias do pescoço, etc. Tempo que passa, assumido, carregando sua intrínseca beleza. Enfim, uma impressão que me alegrou imenso. Fiquei motivado, então, a concretizar esta postagem.

O sr. Antonio está muito bem na foto. Agora vou tratar de encontrá-lo em uma pequena cidade onde mora para entregar-lhe o presente. E fico com o que ele me ofereceu, inicialmente, concedendo-me a imagem e a inspiração para a apresentação no blog.


A ligação entre a imagem, o título e o poema do Hughes fica na esfera do mistério que envolve todo ato de criação artística. Em algum subnível de minha mente tal ligação já havia sido feita, se o leitor conseguir estabelecer a sua , própria, íntima, com outros olhos, ficarei muito feliz.

(Descobri uma bela tradução do poema feita por Carlos Machado em seu site poesia.net http://www.algumapoesia.com.br/poesia/poesianet011.htm. No referido site pode-se encontrar também , além do poema em questão, alguma informação sobre o poeta norte-americano. )

Um grande abraço aos meus queridos amigos que aqui me visitam.

Fernando Campanella





THE NEGRO SPEAKS OF RIVERS
(Langston Hughes)

I've known rivers:
I've known rivers ancient as the world and older
[ than the flow of human blood
[ in human veins.

My soul has grown deep like the rivers.

I bathed in the Euphrates when dawns were
[ young.I built my hut near the Congo and it lulled me
[to sleep.
I looked upon the Nile and raised the pyramids
[ above it.
I heard the singing of the Mississippi when
[ Abe Lincoln went down to New Orleans,
[ and I've seen its muddy bosom turn all
[ golden in the sunset.

I've known rivers:Ancient, dusky rivers.

My soul has grown deep like the rivers.


7 comentários:

  1. Ficou muito lindo seu livro virtual.
    Também meu Amigo Poeta com suas imagens mais estes teus versos é uma mistura encantadora.

    Sds.

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  2. O ebook está lindo!
    Esta poesia fez-me bem...à alma!
    Suavidade vinda do Brasil, para esquecer que chega hoje o corpo de um conterrâneo, morto aí...
    bjs

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  3. Bom dia,Poeta, parabéns pelo EBOOK,linda seleção de fotos e poemas feita pela Madalena!
    Bela foto do Sr.Antonio, sabedoria e simplicidade juntas,grande sensibilidade a tua querido amigo,também gostei do poema.
    Beijo e ótima semana!

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  4. fernando, esta foto é genial. acho-a linda, lindíssima, repleta de poesia.
    e já a havia guardado nas retinas da primeira vez que fui ao seu blog de fotografias.

    uma obra prima, amigo.
    abraço grande do
    roberto,

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  5. Está tudo muito lindo!
    Também sou atacada por associações assim.
    Fernando: a postagem está excelente.

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  6. Amigo Fernando,

    Eis aí mais uma bela postagem sua, com a foto artística do Sr. antonio, e o excelente poema de Langston Hughes.

    Parabéns pela foto e pela sua tradução.

    Voltarei mais tarde para ouvir a música.

    Um abraço,
    Pedro.

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  7. Olá, Campanella. Faz tempo gosto da poesia nobre e nostálgica de Langston Hughes. Penso que é essa nobreza triste que o identifica com o Seu Roque, rei de outros tronos.
    "Minha alma tornou-se profunda como os rios." Os rios "nevoentos, imemoriais".
    Acabamos ficando tristes com o que nem conhecemos.
    Abraços.

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