Foto by Fernando Campanella
Madrugada,
três vezes canta ainda o galo
em sua órbita assinalado.
Espio o colar de estrelas errantes
contornando o torso da noite -
três vezes, em silêncio,
ainda àquela porta eu bato
e não me atende o coração
do recolhimento indevassável.
Quantas almas e o assombro de um Deus
não terão assim por um instante
se entreolhado!
Fernando Campanella
Nota:
Hoje li uma entrevista concedida pela escritora brasileira Nelida Piñon à revista Isto É, publicação de 24 de fevereiro de 2010. Quando lhe perguntaram qual deveria ser a posição do escritor diante das regras do mercado, esta resposta, muito interessante, foi dada:
"É preciso ter aquela inocência associada à paixão literária. Não importa o que você faça, o que vai valer é a sua decisão. Mesmo que depois você não desperte o interesse do editor. Mas assim exerce a soberania até às últimas consequências. Isso proporciona uma liberdade extraordinária para o artista. Nenhum prêmio substitui esse espírito de liberdade, de não temer o mercado, não temer o leitor descuidado e não temer as livrarias que não querem mais expor o seu livro..."
(Nélida Piñon em entrevista à Isto É, publicação de 24.02.2010)
Lúcidas palavras dessa escritora que foi homenageada recentemente com o prêmio Casa de Las Americas - instituição cubana que apoia e premia escritores latinos - pela obra "Aprendiz de Homero". (Fonte: Revista Isto É)
Música desta postagem: Suite para Violoncelo número 1, Prelúdio, de Bach.
Antes que o galo cante três vezes, negamos Deus - como Pedro negou Jesus. Há um súbito silêncio - e as almas olham-se, querem compreender o mistério. A própria vida é um mistério.
ResponderExcluirAbraços.
primeiro que essa sua noturna é LINDA D+, né? lembro dela no FLICKR...
ResponderExcluire o poema... bem, é "by fernando campanella" então não se precisa dizer nada!! é perfeito (o poema) em sua morada em nosso coração e alma!
abçs. amigo. bom domingo!
R.
tão lindos, os seus azuis.
ResponderExcluirqualquer dia destes apareço aí na sua terra com um gravador de saudades na bagagem.
lugar mais lindo, sô.
abração fernando.
abração do
roberto.
Oi Fernando, parabéns pelo blog! Lindas palavras, lindas imagens e lindas músicas! Em relação às imagens, sou um pouco suspeita para falar, pois percorro e vislumbro os mesmos caminhos sinuosos das Minas que você (moro em Itajubá), mas, de resto, sensibilidades parecidas. Quando puder, dê uma olhadinha no meu blogue.
ResponderExcluirAbraços
Concordo inteiramente, meu amigo.
ResponderExcluirTu tens essa inocência...a tua forma de escrita, as tuas fotos lindas e suaves.
Olha queria estar ali na casinha do teu cabeçalho.
bjs
Já li Aprendiz de Homero. Concordo em parte com Nélida.
ResponderExcluirBelo poema, bela foto.
Gostei especialmente do "assombro de um Deus": muito bom.
A madrugada é a hora do dia que mais amo. Mesmo que o galo não cante...
ResponderExcluirNão posso estar mais de acordo com Nelida Piñon.
Um beijo, meu amigo.
Igualmente a poeta Graça, madrugada, é prenuncio silencioso de um glorioso iniciar! Perfeito!
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