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No Caderno 2 do jornal O Estado de São Paulo de domingo passado, uma matéria, por Ubiratan Brasil, sobre o lançamento de 'A Duração do Dia, novo livro de poesia de Adélia Prado após um jejum de onze anos. E uma entrevista concedida ao jornal pela poeta por e-mail, de Divinópolis, MG, onde cuida de sua delicada saúde.
Da entrevista, destaco algumas considerações da escritora sobre o seu processo poético:
"A poesia, a 'beleza', é epifânica sempre. É uma aparição oracular pedindo corpo por via da palavra. Não a invento, eu a recolho. Como? Ainda não se descobriu o maravilhoso caminho da criação de um poema, estranho ao próprio autor. Ao fim, a arte é maior que o artista. Sem esta convicção (e se equivoca bastante) não deve vir a público. A beleza exige obediência restrita."
"...cada um de nós tem a terra e o céu para lhe inspirar."
"(a poesia) é energia porque é viva, pulsa, tem sangue e alma divina."
E a reportagem nos traz em primeira mão este maravilhoso poema, do novo livro de Adélia:
ALVARÁ DE DEMOLIÇÃO
O que precisa nascer
aparece no sonho
buscando frinchas no teto,
réstias de luz e ar.
Sei muito bem
do que este sonho fala
e a quem pode me dar
peço coragem.
(Adélia Prado, A Duração do Dia, editora Record)
Transcrevo aqui, com muita alegria, uma pequena grande carta que Adélia me enviou em 1989, respondendo a uns poucos poemas que lhe enviei para apreciação através de um aluno meu, de Divinópolis, que a conhecia:
Antônio Fernando,
tive imensa alegria ao ler os seus textos, pois são de um poeta! Não se dá conselhos a poetas. Escreva, escreva, escreva, para sua e nossa alegria.
Por que não manda seus originais para este editor?: ............................
Pentecostes está chegando. Feliz incêndio pra você! Que a poesia te inunde. Como fiquei feliz!
O abraço da Adélia Prado.
Divinópolis, 26 de abril de 1989.
PS - Não se esqueça de mim quando fizer seu primeiro livro. Não fique ansioso. Deus quando dá o dom, dá os meios. Aguarde.
Muitos anos depois, fiz um blog, e enviei o 'link' para Adélia, pois o considero como um livro que realizo. Infelizmente ela não pôde acessá-lo devido a problemas de saúde, segundo me informou seu marido. Mas ficam aqui meu agradecimento e meu carinho por essa poeta que em algum tempo de sua vida teve a delicadeza de responder, em uma carta escrita à mão, aos meus poemas incipientes, e de me incentivar.
Eu enviara a ela cinco poemas, dos primeiros que escrevi. Escolhi um deles, que aqui transcrevo:
CAIXAS DE MÚSICA
Feito experimentar a dor
de uma fome
que nada satisfaz
ou consegue saciar
é perceber sonoridades
de caixas
onde pequenos dançarinos
se esmeram
em esfuziante acrobacia.
Cortem-lhes o instante das cordas
- plunct -
e são silêncios opacos,
são fundos e frios.
A nós, o dom
e a maldição de sonhar.
(Fernando Campanella, 1983)
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOi, Fernando!
ResponderExcluirAdorei saber/conhecer Adélia Prado, por teus escritos.
Obrigada pela oportunidade e vou buscar por seus livros.
Gosto de te ler.
Beijinhos
Ceiça
Querido poeta, concordo com a Adélia:
ResponderExcluir"Escreva, escreva, escreva, para sua e nossa alegria."
Abraço.
"PS - Não se esqueça de mim quando fizer seu primeiro livro. Não fique ansioso. Deus quando dá o dom, dá os meios. Aguarde." (26.04.1989)
ResponderExcluirQuerido, minha avó e depois minha mãe diziam que quando temos o dom, a vontade e a convicção... devemos procurar os meios.
Deus dá os meios sim, desde que batalhamos por eles, insistimos, persistimos e não desanimamos. Talento você tem de sobra querido poeta, desde pequenininho... (rs...)
De: Mim
Pra você:
PS - Não se esqueça de mim quando fizer seu primeiro livro, agora é a hora. Fique ansioso. Deus dá o dom e nós corremos atrás dos meios.
Sucesso, Paz e Bem!
Sou sua fã!
Bju GRANDE.
(14.08.2010)
*.*
Uma maravilha de postagem.
ResponderExcluirÉs um ser humano muito atento aos outros.
Bj
Achei teus versos por aí...Impressionam-me e tocam na alma. Conheça meu blog também :
ResponderExcluirwww.minaslilamendes.blogspot.com
Fernando, procurando Adelia achei teu blog.Bacana!
ResponderExcluirFernando, buscando fragmentos de Adélia, cheguei até o seu blog e confesso que não houve decepção na busca, aqui tudo é encantamento. Também sou mineiro, como a nossa poeta, e tento de toda maneira um contato com ela, mostrar meus escritos, mas ainda não tive esse privilégio.
ResponderExcluirParabéns pela sua poesia, é digna de um poeta que sabe ouvir e se expressar... Estarei sempre por aqui nesse seu cantinho...
Fernando: Também cheguei aqui por acaso, procurando Adélia e encontrando esse cantinho tão especial! Sou mineira, de Itajubá, mas moro em Campinas há alguns anos. Escrevo crônicas e também tenho um blog. Parabéns por seus poemas e textos, seu blog é muito rico!
ResponderExcluirSe puder, apareça também no meu, será uma honra!
Um abraço!
http://www.asomadetodosafetos.blogspot.com.br/