Foto por Fernando Campanella
...de onde esta concha
que verbaliza os pássaros?
este azul
que esfuma os montes
e inventa um céu
meu poder de ficção
meu sonho
que paira tão alto
e para sempre me escapa...
Fernando Campanella (Trecho do poema Interlúnio)
Galen Smith, que canta e toca 'Scarborough fair ' no vídeo feito para um projeto escolar, abaixo, nos diz que essa canção, popularizada por Simon and Garfunkel no final de década de sessenta, é na realidade uma balada tradicional folclórica inglesa. Sua criação remonta pelo menos a duzentos anos.
Os versos, segundo algumas pesquisas, eram para ser cantados em dueto, alternadamente, onde um amante imporia ao outro tarefas impossíveis de serem cumpridas. Pela realização das mesmas, provariam que verdadeiramente amavam, merecendo do mesmo tanto ser amados.
Uma outra interpretação da letra da música aponta para a desilusão de alguém que pelo amor traído impõe tarefas absurdas à pessoa amada para que esta reconquiste sua confiança.
Qualquer que tenha sido a motivação inicial, o tema dessa melancólica, e ao mesmo tempo bem-humorada canção, parece ser a dúvida acerca da existência de um verdadeiro e eterno amor. Mais a sensibilidade, a dor de um sentimento desacreditado, e a quase impossibilidade de recuperação. No final da letra, após a enumeração das difíceis tarefas, temos estes belos versos:
"... o amor impõe impossíveis tarefas
mas não mais que qualquer coração peça..."
Deixo aqui a tradução de uma estrofe onde podemos sentir o grau de dificuldade, a impossibilidade, mesmo, do cumprimento da exigência imposta:
"...Vocé está indo para a feira de Scarborough?
Salsa, sálvia, rosmaninho e tomilho...
Diga a ela para fazer-me uma camisa de cambraia...
Sem costura nem o bom trabalho de uma agulha
Então ela será o verdadeiro amor de minha vida..."
Excelente, muito bem construído: aquele verso solto, "meu poder de ficção", precisava mesmo ter o lugar que teve, solto, para mostrar o poder da ficção.
ResponderExcluirVoltei para ler o que vc recomendou. A tradução é sua, não é? Está muito legal.
ResponderExcluirSabe o que me lembrou, Fernando? A história de S. Maugham, aquela que virou o filme O véu pintado: o marido, após ser traído, castiga a mulher ao aceitar exercer a medicina num lugar com epidemia de cólera e leva a adúltera com ele. Que associação que fiz agora! Nem há muita razão.
Gosto de seus poemas. De vez em quando coloco um em meu blog.
ResponderExcluirUm abraço
De onde este pássaro sem sombra? Será verão ao sul de uma paixão qualquer?
ResponderExcluirUm beijo, meu amigo Fernando.
Ferrrrrrrrrrrr........
ResponderExcluirBelo vôo, lindo pássaro, deliciosa composição.
Como sempre tudo perfeitinho, feito com amor, capricho e carinho.
Até o menino que toca e canta a canção Scarborough Fair ... o faz com primor.
Tudo combinando... fechando com louvor.
Parabéns mais uma vez!
Bju grde!
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