domingo, 12 de dezembro de 2010

E QUE PASSA...


Foto por Fernando Campanella

Tua beleza, inconsciente de si,
me puxa em seus encantos
para o seu leito.

Mas o que fazer de tua beleza
senao enquadrá-la em vaso
para nutrir a mesa

senão sofrer/gozá-la em doses
de venenos súbitos e densos...

Como um jardineiro de ventos
prefiro ver-te
eras galgando muros
ervas tecendo pastos
ou aérea flor da memória.

Amar tua beleza, não mais,
como cor que não apreendo
rio que não estanco
e que passa...

Fernando Campanella


6 comentários:

  1. Um poema e tanto! E posto sabiamente, para ecoar, entre uma expressiva imagem e um belo vídeo.

    A foto é muito boa, sugere que há formas de atualizar a beleza que aparentemente já passou.

    Grande abraço.

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  2. Amigo.
    Que maravilha!
    « Como um jardineiro de ventos »...este verso tem mestria.
    Beijinho

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  3. És um "jardineiro de ventos", meu amigo. Toda a beleza é efémera. A das flores é tão frágil quanto nós. Salva-nos e própria fragilidade das palavras.
    Um grande beijo, meu amigo Fernando.

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  4. Ferrrrrrrrrr........

    Você tem um gosto tão fino e apurado, esse
    seu poema é linnnnnnnnndu... e imaculado.

    Vc precisa correr, finalizar e editar "seu livro" inacabado...

    É uma pena que mais pessoas não tenham acesso aos seus lindos trabalhos.

    Que em 2011 tudo se REALIZE.

    Sempre torcendo por você!


    *.*

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  5. A flor da memória
    e o rio que passa
    - essa poesia ecoando, ecoando.
    Um belo, envolvente mote, a ecoar nos poetas
    esse rio que passa e leva
    e traz
    a flor da memória.
    Grande abraço, Campanella.

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  6. Delineaste bem a fugacidade da beleza, sua volubilidade. Esse poemas tem imagens delicadíssimas... estou aqui a imagunar o poeta como um "jardineiro dos ventos"...

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