quinta-feira, 12 de maio de 2011

E MAIS O TEMPO...


Foto por Fernando Campanella


há em mim a natureza de um calcário
de catedrais adentro

dê-me todo oceano do mundo
e mais o tempo
e mais o tempo...

Fernando Campanella, 1989

quarta-feira, 4 de maio de 2011

FRUTOS DA TERRA


Foto por Fernando Campanella


Benditos os filhos do ventre da terra
que o sol desperta tão cedo
que o trigo e a uva aguardam no campo
para o mágico processo do pão e do vinho.

Benditos os frutos da terra
que se abrem à manhã
em silêncios e cantos
que se mesclam no ar

e os filhos da paz
que ligam o céu ao mundo,
os que reciclam o dia
dele retirando sustento e eternidade.

Abençoados os que bendizem,
os que curam, os que a dor amenizam
e que por via da tolerância se entendem.

Benditos os que domam a cólera
e se transformam no amor,
amor que bebe da vida em identidade.

Bendito o sol
que amadurece os frutos da terra.
Mais bendita a luz
por que anseia a 'noite escura da alma'.

Fernando Campanella, poema escrito em 1984.

terça-feira, 3 de maio de 2011

FRUTOS DA TERRA




Bendito o sol
que amadurece os frutos da terra.
Mais bendita a luz
por que anseia 'a noite escura da alma'.

(Fernando Campanella, trecho do poema 'Frutos da Terra)


Fotos por Fernando Campanella

quarta-feira, 20 de abril de 2011

OUTONO




uma aragem
uma estação
um rito de passagem

um cão sem pelo
em cima do muro
não é lava nem gelo
nem claro nem escuro

uma luz quase sedada
em transição

(as árvores confrangem
os ursos já estendem as camas)

um sopro
um verso
esta alma esvoaçada

uma folha de mim

à tua janela
deixada

Fernando Campanella, 2007


Fotos por Fernando Campanella

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O GRANDE SILÊNCIO


Foto por Fernando Campanella


...Depois do terremoto veio um incêndio...
depois do incêncio um sopro suave

e algo de minhas entranhas sussurrou-me então

que eu não estava morto.


(Colagem poética com versículos adaptados da Bíblia Sagrada, Reis, 19:12 e versos do poema Antíqua por Fernando Campanella)



sábado, 2 de abril de 2011

OLHOS DE MINAS


Foto por Sônia Brandão
http://www.flickr.com/photos/sophiecarriere/


viajar por dentro de Minas é correr
um trem-memória sem disciplina
desdobrar-se em verdes -

capins, buritis, limão -

juncados ora cá, ora ali,
de tons-quaresmeira-acácia...

e mais verde: verde-neblina-araucária,
mata-fechada, verde-chuva-quase-exaustão...

às vezes voam garças, aldeias perpassam
vislumbram-se capelas
e vacas em ruminação...

e o trem avança
em sobe-e-desce estonteante
em quase náusea encantada...

já quando Minas para trás se deixa
e se enxerga um azul-distância
não, não é o céu, são outras serras
e para além delas eu-mineiro e o mar

lá são outros olhos
com que Minas precisa se mirar

Fernando Campanella

Meu agradecimento a minha amiga Sônia Brandão, autora do blog O PÁSSARO IMPOSSÍVEL (http://passaroimpossivel.blogspot.com) pela gentileza de conceder-me sua bela foto para esta postagem (acima) tirada na região de Delfinópolis, cidade próxima à serra da Canastra, sudoeste de Minas Gerais.



domingo, 27 de março de 2011

CAMPOS DE ARROZ (FIELDS OF RICE)



...encontre-me lá
à fímbria da tarde
quando pássaros voarem

sobre arrozais em flor...


(...find me there, where the birds fly
upon the fields of rice...)

Fernando Campanella, inspirado em 'Fields of Gold', por Sting.

(Poem by Fernando Campanella, inspired in 'Fields of Gold', by Sting)


Campos de arroz, fotos por Fernando Campanella