Foto by Fernando Campanella
As chuvas de março já começam a ensopar os jardins, a quase transbordar os rios. As tardes de março se tornam mais leves, já se aliviando do calor que se despede lentamente.Tardes para vôos de bicicleta, mergulhos em nervuras de folhas outonais, incursões no sempre renovado coração da natureza.
Como Minas está arraigada em mim! E ainda que sensação de estranhamento e exílio! Meus olhos se enchem de montanhas, copas de árvores, sibipirunas e capins. E seguem as comunidades voantes das garças, recortes brancos itinerantes contra o céu. Despejando seus últimos pingos de ouro nos pastos, o sol realiza a alquimia final do dia. E Minas ainda resiste.
Acodem-me à mente memórias do mundo, de mim. Lembro, vivo lembrando. Mas melhor agora estancar este fluxo perpétuo de imagens, embarcar nesta solidão da quase-noite. A primeira estrela já pulsa o olho neutro indecifrável.Melhor ainda, quem sabe, trazer à alma o consolo universal do Tao:
As chuvas de março já começam a ensopar os jardins, a quase transbordar os rios. As tardes de março se tornam mais leves, já se aliviando do calor que se despede lentamente.Tardes para vôos de bicicleta, mergulhos em nervuras de folhas outonais, incursões no sempre renovado coração da natureza.
Como Minas está arraigada em mim! E ainda que sensação de estranhamento e exílio! Meus olhos se enchem de montanhas, copas de árvores, sibipirunas e capins. E seguem as comunidades voantes das garças, recortes brancos itinerantes contra o céu. Despejando seus últimos pingos de ouro nos pastos, o sol realiza a alquimia final do dia. E Minas ainda resiste.
Acodem-me à mente memórias do mundo, de mim. Lembro, vivo lembrando. Mas melhor agora estancar este fluxo perpétuo de imagens, embarcar nesta solidão da quase-noite. A primeira estrela já pulsa o olho neutro indecifrável.Melhor ainda, quem sabe, trazer à alma o consolo universal do Tao:
“...E no entanto, sossega meu coração. Tu vives no seio da mãe do universo.”
E espalhar pelo corpo uma fina onda de trégua e paz. Ouvir sinos longínquos, ver luzes de casas pequeninas engastadas nas serras, ou até mesmo pintar aquarelas fluidas mentalmente. Ou procurar alguém , algum ser, com quem compartir esta tarde. Mas quem viajaria assim tarde a dentro? A cidade arde suas luzes, regurgita seus ruídos e vaidades, lustra suas armaduras cimento e vidro. A cidade já encontrou o que lhe basta e consuma-se em seu próprio tempo.
Vejo, ao longe, no cimo de uma montanha, uma torre de televisão, delicada como um brinquedo. Queria pintar uma aquarela, agora de verdade, neste momento, ilustrar um livro de meus poemas, de minhas miúdas andanças. Depois, beber copos e mais copos de vinho, desabotoar os meus grilhões de Minas, e rir, rir, rir de tanta beleza e amenidade. Ah, sim, junto de Hermann Hesse.
Fernando Campanella, 13.03.1994
E espalhar pelo corpo uma fina onda de trégua e paz. Ouvir sinos longínquos, ver luzes de casas pequeninas engastadas nas serras, ou até mesmo pintar aquarelas fluidas mentalmente. Ou procurar alguém , algum ser, com quem compartir esta tarde. Mas quem viajaria assim tarde a dentro? A cidade arde suas luzes, regurgita seus ruídos e vaidades, lustra suas armaduras cimento e vidro. A cidade já encontrou o que lhe basta e consuma-se em seu próprio tempo.
Vejo, ao longe, no cimo de uma montanha, uma torre de televisão, delicada como um brinquedo. Queria pintar uma aquarela, agora de verdade, neste momento, ilustrar um livro de meus poemas, de minhas miúdas andanças. Depois, beber copos e mais copos de vinho, desabotoar os meus grilhões de Minas, e rir, rir, rir de tanta beleza e amenidade. Ah, sim, junto de Hermann Hesse.
Fernando Campanella, 13.03.1994
A partir de agora esteremos conectados aqui então...rss, bela iniciativa a criação do blog...
ResponderExcluirBeijos
Sim, Regiani, como eu disse ao meu amigo poeta Oswaldo, aqui estaremos falando de alma para alma. Muito obrigado pela visita.
ResponderExcluir"Vejo, ao longe, no cimo de uma montanha, uma torre de televisão, delicada como um brinquedo. Queria pintar uma aquarela, agora de verdade, neste momento, ilustrar um livro de meus poemas, de minhas miúdas andanças. Depois, beber copos e mais copos de vinho, desabotoar os meus grilhões de Minas, e rir, rir, rir de tanta beleza e amenidade. Ah, sim, junto de Hermann Hesse."
ResponderExcluirOi querido!
Qdo for homenagear Baco junto com Hesse, me
convida a rir com vocês? Irei com muito prazer!
Rsrsrsssssssss.......
*Mari*
*.*
Vamos, sim, Mari, rs.... Eu e o Hesse vamos adorar tua presença,rs....
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