domingo, 26 de abril de 2009

MÍNIMOS


Foto by Fernando Campanella

um sopro
ninguém viu
de onde vem
ninguém sabe*
aonde vai

um vírus
quase
nada

um
ponto
na
enseada

um quantum
envieza o olhar



uma artéria
e Roma não tem bocas
e Inês é folha morta


um dedo de luz
na chuva oblíqua
um arco de cores
instala

um vôo desanda a rota

ninhos desovam

um triz
frio polar
oceanos que resvalam

torres se movem
pés desarvoram

espelhos que descamam
não consigo me achar

um mínimo
e já não me sou

de repente
algo me sonha

Fernando Campanella

* "O vento sopra onde quer e ouves o seu ruído, mas não sabes de onde vem nem para onde vai - assim acontece com todo aquele que nasceu do Espírito."

(Jo, 3,8)

("Spiritus, ubi vult, spirat: et vocem

ejus audis, sed nescis unde veniat.

aut quo vadat: sic est omnis

qui natus est ex spiritu"

(Jo 3, 8)

3 comentários:

  1. Oi Fernando!

    Estou de volta depois de um período conturbado e aos poucos vou colocando a leitura em dia. Senti falta de passear por aqui por seus palavreares!

    Beijos e boa semana!

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  2. Maravilha de poema, me lembra uma verdadeira canção! Superando sempre!! Abraço

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  3. Obrigado, Antonio e Flor. Este poema surgiu de uma fase de transição em minha vida. Tenho um enorme carinho por ele. Grande abraço.

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