Foto by Fernando Campanella
Hoje no dia dos meus anos
saio da toca das palavras
e vou festejar no telhado
por horas ali ficando, um pombo
ou um tímido rato,
de papo para a tarde virado.
Hoje não mais sou um bicho doído
nem trago o gosto antigo
de um paletó
ou de um guarda-chuva* pendurados.
Transito pelo tempo dos pássaros:
quem me conta os anos ,
quem na memória me guarda?
Se a luz incide, sei que o dia perdura,
e me ilumina por dentro esse fato.
Quando escurece vou dançar conforme a sombra,
contar estrelas intermináveis
ou adormecer no anonimato.
Mas não quero agora falar de sombras,
a noite, eu sei, a noite já é bem outro trato.
Fernando Campanella (13/06/2007)
*Difícil saber onde manter o hífen com a nova reforma ortográfica. Pelas informações que otive, ele continua na palavra guarda-chuva, mas foi eliminado em palavras compostas com a mesma característica, isto é, nas quais se perdeu, em certa medida, a noção de composição, ganhando tais vocábulos um significado próprio, passando a ser grafados de maneira aglutinada. Ex. paraqueda, mandachuva, rodaviva, cobracega, bateboca, etc. ( revista 'Reforma Ortográfica da Língua Portuguesa' da Editora escala).
As exceções às regras são um capricho ou uma arbitrariedade dos gramáticos. Ao resto dos pobres mortais usuários da língua, são um Deus-nos-acuda. (A propósito, Deus-nos-acuda, como substantivo, escreve-se com hífen ou sem ele?)
Amigos são poemas…
ResponderExcluirOs verdadeiros amigos são a poesia da vida.
Eles enchem nossos dias de cores, rimas e risos,
nos seguram a mão quando caminhar parece difícil.
Mostram que mesmo em dias nublados o sol está no mesmo lugar,
e nos ensinam que a chuva pode ser uma canção de ninar
nas noites solitárias e vazias.
Um abraço em mais este final de semana, que tudo lhe
Seja bom...
Transitar no tempo dos pássaros no dia de anos parece-me uma ideia brilhante. Parabéns.
ResponderExcluirUm abraço.
Maravilha, o poema e a foto... Sim, sim, poeta, comentários à parte, nosso idioma, o q tem de fascinante tem de complexo, e haja paciência para nos adequarmos a essas inovaçoes, regras e exceçoes da nova lingua portuguesa...
ResponderExcluirObrigado, Sônia, concordo com vc, os verdadeiros amigos são a poesia da vida, carinho que nos envolve e nos acolhe. Vertente do amor que justifica e alivia nossa existência na terra. Grande abraço, obrigado pela visita.
ResponderExcluirBoa noite, Graça, obrigado pela visita.Transitar pelo tempo dos pássaros, das flores... Há fases em que me sinto assim, bebendo da chuva, me alimentando do ar, 'longe deste insensato mundo' dos homens. Devem ser coisas de poetas mesmo. Grande abraço.
ResponderExcluirOlá, Antonio, realmente os caprichos dos gramáticos são pedras em nossos sapatos. O uso do hífen já era complexo , agora, com as exceções, ficou mais complicado ainda. Obrigado pela visita, grande abraço.
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