segunda-feira, 27 de julho de 2009

A MEDIA LUZ


Campo de girassóis em Lavras, sul de MG
Foto by Fernando Campanella

Sempre reneguei o tango
e os entusiastas de Gardel

longe de mim a passional postura
eivada de desolação e dor

o amor sempre em mim
um campo de mais alvos,
intocáveis, lírios
onde não choveu.

Afastei o bruxo, cerrei a tenda
mas na contrapartida
adiei o fruto, me ceguei à cor.

(Violinos eternos , bandoneóns ,
toquem-me hoje um tango crepuscular e tardio,
toquem, que desaprendi o me bastar
e o meu cismar sozinho,

à meia-luz ,
meu coração
são girassóis que dançam -
todo chama, e torvelinho.)

Fernando Campanella

4 comentários:

  1. "Meu coração/ são girassois que dançam" - lindo isso. Lindo o poema, a imagem, o ser, que vai se afastando, tornando-se um ponto, assim como diz o título, à meia-luz.

    Um abraço do amigo
    J. Carlos.

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  2. Intocáveis lírios. Girassóis que dançam... Excelente este seu poema, Fernando.
    Um abraço.

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  3. "...o amor sempre em mim
    um campo de mais alvos,
    intocáveis, lírios
    onde não choveu..."

    Perfeito! Parabéns, teu canto está maravilhoso, cada vez mais. abraço.

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  4. Fernando,
    Será que você não está se aproximando do tango, no seu estado de espírito (do poema),
    nesse trecho? Tenho a impressão que sim.


    "(Violinos eternos , bandoneóns,/
    toquem-me hoje um tango crepuscular e tardio,/
    toquem, que desaprendi o me bastar/
    e o meu cismar sozinho,

    à meia-luz ,
    meu coração
    são girassóis que dançam -
    todo chama, e torvelinho.)"

    Grande abraço.

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