quinta-feira, 22 de outubro de 2009

FERNANDO PESSOA, UM POEMA*


Foto by Fernando Campanella


Contemplo o lago mudo
Que uma brisa estremece.
Não sei se penso em tudo
Ou se tudo me esquece.

O lago nada me diz,
Não sinto a brisa mexê-lo
Não sei se sou feliz
Nem se desejo sê-lo.

Trêmulos vincos risonhos
Na água adormecida.
Por que fiz eu dos sonhos
A minha única vida?

(Fernando Pessoa, Cancioneiro)

*'Contemplo o lago mudo/ que uma brisa estremece' - versos que abrem o poema do Pessoa, e também abriram-me a poesia no início da década de setenta. Aqui, uma homenagem, com minha foto. Espero que a memória do Pessoa aprove.

3 comentários:

  1. Fernando,

    essa gentil homenagem ao gênio da poesia,
    certamente o agrada muito. Ele certamente
    sabia que ao tecer os seus versos
    a outros poetas servia.

    Bjs.

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  2. Eu já soube esse poema de cor. Velhos tempos. Tudo de mim: a memória, o esquecimento, a paz da paisagem, a água, os sonhos. Eu estava formando meu repertório de imagens. Já lera a Ode Triunfal, já colhera imagens delicadas entre tantas sensações esfusiantes que o poeta queria explodir, colhera imagens delicadas junstamente porque já aprendia que nelas estava a poesia. Muito bem, Campanella.
    Grande abraço.

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