quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

TEATRO DE SOMBRAS



Fotos por Fernando Campanella

Entremos em acordo,
sombra minha,
brindaremos, à noite,
às mariposas
e sobre as Três Marias
tomaremos um porre
de dracenas e jasmins;

serei, assim, teu servo,
a face que buscares:
o pária, o deserdado -
os medos que arquitetam a noite -
o fantasma que bem quiseres.

Mas, ouve-me, quando a lua
após sua mais discreta vênia
sonolenta se afasta,
e assim que os galos cantem
validando a madrugada,
já de ti desvio os olhos
e não mais te enxergo.


Recolherás tua cauda, então,
saciada e quieta, sombra minha,
e adormecerás nossa ressaca,
atrás, bem atrás, de mim.

(Fernando Campanella)

7 comentários:

  1. Às vezes tais acordos são necessários. E de sombra ou luz, sente-se o encanto de tua poesia..

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  2. Postagem perfeita: um belo poema, um vídeo com uma lenda encantadora e esse quase díptico vertical de fotos complementares. A segunda foto, então, é expressiva demais!

    Um grande abraço.

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  3. Ferrrrrrrrrrrrrr..........

    Amei tudinho... menos a parte que "ela"
    *a sombra* adormece sua ressaca bem atrás...

    Araaaaaaaaaaaa... "ela" elazinha... a minha sombra... adormece sua ressaca sempre ao lado... bem do ladinho de mim... com muito pó de pirlim-pim-pim...

    Rsrsrsrsrs.........

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  4. Belas fotografias de luz e sombra. Um belo poema, cheio de ironia e sensibilidade. As sombras que convocamos para encontrar a luz...
    Um beijo querido amigo Fernando.

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  5. uau... Lindo demais... Alma a flor da pele! Abraço!

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  6. A poesia como um teatro de sombras.
    As sombras têm que se encontrar, se unir, na comunhão da poesia.
    Abraços.

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