quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

SOB A LUA



à flor de minhas longínquas águas
(a lua como um barco)
remava o lendário Li Po

Fernando Campanella


Fotos por Fernando Campanella

(templo de meus ruídos secos
e de meus ouvidos gastos,
eis vosso silêncio onde mergulho,
poetas que adoto, a metáfora
singrando o mar enigmático)

Fernando Campanella



Eis a tradução do poema do poeta chinês Li Po, declamado no vídeo acima:

BEBENDO SOZINHO COM A LUA

De um pote de vinho entre as flores,
Bebo solitário. Ninguém me acompanha...

Até que, erguendo minha taça, pedi à lua brilhante
Para trazer-me minha sombra e para que fizéssemos três.

Ai de mim, a lua era incapaz de beber
E minha sombra me acompanhava despreocupada;

Mas ainda por um momento tive dois amigos
Para me alegrarem já no fim da primavera...

Cantei. A lua me encorajava.
Dancei. Minha sombra espojava-se no chão.

Tanto quanto me lembro fomos bons companheiros.
E depois fiquei bêbado e nos perdemos um do outro.
...A boa vontade deverá ser sempre mantida?

Fiquei olhando a longa estrada do Rio das Estrelas.

(Li T'ai Po)

4 comentários:

  1. Que enlace maravilhoso, amigo, o das fotos magníficas com a beleza das palavras.
    Grande sensibilidade!
    Também a tradução é linda.
    Beijo

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  2. Essas suas postagens com três dimensões são incríveis. Os poemas de nobre ascendência. As fotos esplêndidas. Curiosamente, no reflexo da segunda foto, quando ampliada, vemos um rosto de perfil com a fronte se desfazendo em estrelas.

    Um grande abraço.

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  3. Tudo muito lindo e bem feito! Poema inspirador! Belo trabalho, aqui e como sempre! Abraço...

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  4. Tenho que convir que a poesia é universal. Senão, o que teria a nossa sensibilidade ocidental-brasileira com um chinês tão antigo?
    O poeta lá e cá reflete-se no Rio das Estrelas.
    Abraços.

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